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Pesquisa iniciada na UNIFAL-MG e desenvolvida em parceria com a Unesp apresenta potencial de planta do Cerrado no combate a fungos que causam a candidíase

Uma pesquisa iniciada durante o mestrado de Marcelo José Dias da Silva, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UNIFAL-MG, tem repercutido no meio científico brasileiro, após descoberta do potencial da planta Mimosa caesalpiniifolia para combater fungos que causam a candidíase, infecção que acomete mulheres e homens nos genitais.

Mimosa caesalpiniifolia é conhecida popularmente como sansão-do-campo ou sabiá e é encontrada no solo do Cerrado e da Caatinga. “É utilizada pelas populações locais como forrageira e na medicina caseira como cicatrizante, anti-inflamatório e males das vias respiratórias superiores”, descreve Marcelo Dias na dissertação desenvolvida na UNIFAL-MG ainda no ano de 2012.

Sob a orientação do professor Marcelo Silva, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, o estudo começou com a caracterização química e avaliação biológica do extrato e frações da planta, quando o orientando realizou ensaios que buscaram o conhecimento botânico da espécie, cujos resultados indicaram que o extrato e as frações da planta poderiam constituir em novos medicamentos para o controle farmacológico de processos inflamatórios, microbiológicos e anticancerígenos e para o conhecimento da química.

Marcelo Dias aprofundou sua pesquisa no doutorado concluído em 2016 na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara-SP, orientado pelo Prof. Wagner Vilegas e coorientado pelo Prof. Marcelo Silva da UNIFAL-MG. Na tese, o pesquisador investigou a composição química, isolou e caracterizou os constituintes químicos do extrato e/ou frações das folhas de Mimosa caesalpiniifolia. O trabalho contribuiu de maneira significativa para o conhecimento do perfil químico e biológico de extratos da planta.

O estudo se estendeu para o pós-doutorado de Marcelo Dias, realizado em parte na Unesp e em parte na Universidade de Cádiz, Espanha, contando com extração e parte do desenvolvimento e investigação do experimento na UNIFAL-MG.

Conduzida por Marcelo Dias, a pesquisa faz parte de um projeto de pesquisa maior, coordenado pelo Prof. Wagner e intitulado “Fitoterápicos padronizados como alvo para o tratamento de doenças crônicas”, que conta com parceria com a UNIFAL-MG e pesquisadores espanhóis.

Para se chegar aos resultados sobre o potencial da planta no combate a fungos que causam a candidíase, o grupo isolou os compostos químicos das folhas de sansão-do-campo e testou as combinações mais eficazes na inibição do crescimento de duas espécies do gênero de fungos Candida, a Candida glabrata e a Candida krusei. Assim, quatro dos 28 compostos testados apresentaram resultados promissores e serão testados na forma de pomada – a ideia é que ela possa um dia ser uma alternativa ao fluconazol, tratamento antifúngico padrão no tratamento contra a candidíase.

Repercussão

O estudo foi publicado no periódico Journal of Natural Products e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Conforme os autores, foram realizados testes para obter a concentração necessária do fluconazol e de diferentes compostos extraídos das árvores para inibir 50% do crescimento do fungo.

Vale destacar que o fluconazol é considerado eficiente em grande parte dos casos, mas algumas variedades do fungo têm apresentado resistência ao medicamento.

Em alguns testes, os compostos da planta se mostraram mais poderosos para combater, com as menores concentrações, as espécies de Candida testadas do que o próprio fluconazol. Os melhores resultados recaíram sobre a Candida krusei, mas aqueles referentes à Candida glabrata também foram considerados “interessantes” pelos pesquisadores. “Foi realizado o estudo com a Candida albicans, pórem, as espécies Candida krusei e Candida glabrata foram as mais promissoras. A candidíase pode ocorrer devido a outras espécies não albicans, por isso a continuação desse estudo com essas espécies”, explicou por e-mail à BBC News Brasil Marcelo Dias, que conduziu a pesquisa durante o estágio de pós-doutorado na Unesp e também em um período de estudo na Espanha.

Antes de criar uma pomada, os pesquisadores querem testar se os compostos do sansão-do-campo mantêm seus efeitos benéficos ou ainda os têm aumentados quando misturados com adjuvantes – substâncias usadas para potencializar a ação do medicamento no organismo.

“De novembro a janeiro, faremos novos estudos antifúngicos mais aprofundados. Estamos abertos a novas parcerias, indústrias que queriam nos ajudar nesse desenvolvimento (da pomada)”, disse Marcelo Dias na entrevista para a BBC News Brasil.

Confira reportagem divulgada pela BBC News em outubro: https://www.bbc.com/portuguese/geral-49941460?ocid=socialflow_facebook

Acesse também, o estudo na íntegra divulgado no Journal of Natural Products: https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acs.jnatprod.8b01025

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