“Coletivos juvenis na universidade e práticas formativas: política, educação, cultura e religião” – Luís Antonio Groppo et al.

“Coletivos juvenis na universidade e práticas formativas: política, educação, cultura e religião” é um livro que se caracteriza como uma excelente dica de leitura para compreender a atuação das organizações juvenis na universidade e a importância das ações dos coletivos para a formação social e política dos estudantes.

Organizada pelo pesquisador Luís Antonio Groppo, professor da área de Sociologia do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da UNIFAL-MG, a obra registra os resultados da pesquisa “A dimensão educativa das organizações juvenis: Estudo dos processos educativos não formais e da formação política no interior de organizações juvenis de uma universidade pública do interior de Minas Gerais”, realizada pelo Grupo de Estudos sobre a Juventude da Universidade, projeto que alia extensão e pesquisa e acontece desde 2014.

Com prefácio assinado pela pesquisadora Kimi Tomizaki, socióloga da Faculdade de Educação da USP, o livro reúne parte da história dos coletivos juvenis: Juntos!, Levante Popular da Juventude, Quilombo (atual Enfrente), Emancipa, Maracatu de Baque Virado e Aliança Bíblica Universitária. “A obra nos dá acesso a um instigante diálogo entre autores que oferecem ferramentas fundamentais e inovadoras para os estudos do engajamento político dos jovens, constituindo mais um dos excelentes motivos para nos dedicarmos a leitura dessa obra”, descreve a pesquisadora.

 

A ideia da pesquisa que deu origem à obra, nasceu do impacto pessoal que o professor Luís Antonio Groppo teve como docente da UNIFAL-MG, em um evento promovido por coletivos feministas, durante atividades em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, em março de 2015. “No evento se discutiam as relações entre os gêneros e a necessidade de os homens repensarem suas práticas e valores em tais relações”, relata. (Foto: arquivo pessoal)

Segundo o organizador, a ideia da pesquisa que deu origem à obra, nasceu do impacto pessoal que ele teve como docente da UNIFAL-MG, em um evento promovido por coletivos feministas, durante atividades em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, em março de 2015. “No evento se discutiam as relações entre os gêneros e a necessidade de os homens repensarem suas práticas e valores em tais relações. As mulheres estudantes convidaram homens estudantes para darem seus relatos, seguidos de um interessante debate do qual participaram mulheres e outros homens. Tratou-se de um momento de aprendizagem, distinto do ensino disciplinar em sala de aula”, compartilha Prof. Groppo.

Além de reencontrar o tema dos movimentos juvenis, desenvolvido em sua tese de doutorado, após o evento, o pesquisador considerou a necessidade de investigar as práticas educativas distintas das formais ou escolares e conta que o próprio Grupo de Estudos sobre a Juventude se envolveu e apoiou as atividades dos coletivos juvenis atuantes na UNIFAL-MG. “Com a pesquisa ‘A dimensão educativa das organizações juvenis’, buscamos conhecer mais e melhor a dimensão educativa não formal destas organizações e coletivos juvenis, que atuam ao lado ou à margem dos processos formais de ensino”, relata.

Dividida em cinco partes, a obra apresenta ao longo de 312 páginas, a introdução com os objetivos e fundamentos teóricos e metodológicos da pesquisa e os coletivos juvenis em cada um dos capítulos que contaram com a participação do professor Groppo na redação. No capítulo II, por exemplo, é possível conhecer três coletivos políticos; no capítulo III, o trabalho desenvolvido por um cursinho popular; no capítulo IV, a atuação de um coletivo de cultura, e no capítulo V, as ações de um coletivo religioso. “As partes II a V contam com a coautoria de então estudantes de graduação e pós-graduação, que participaram da pesquisa como mestrandos em educação ou bolsistas de Iniciação Científica”, explica.

Para Prof. Groppo, o destaque da obra está na possibilidade de conhecer o trabalho coletivo do Grupo de Estudos, envolvendo troca entre gerações (pesquisadores experientes, pós-graduandos em educação, graduandos de diversos cursos e até mesmo estudantes do Ensino Médio); e também, a integração existente entre ensino, pesquisa e extensão. “A pesquisa que deu origem ao livro nasceu de um projeto de extensão, bem como de disciplina na graduação “Juventude e movimento estudantil”, que retornou com conhecimentos para a organização de eventos, a contribuição na construção de políticas públicas (o Plano Municipal de Juventude de Alfenas) e a proposição de conteúdos de ensino na graduação”, detalha.

Conforme o pesquisador, os próprios eventos promovidos pelos coletivos serviram, ao mesmo tempo, como momento de divulgação de conhecimentos e produção de novos conhecimentos, como o Seminário da Juventude (2016) e o Seminário: Memorial das Ocupações Estudantis (2017).

O livro foi publicado originalmente de forma impressa em julho de 2020, custeado por verba do Programa de Apoio à Pós-Graduação da CAPES, cuja primeira edição tem sido distribuída gratuitamente aos próprios coletivos que participaram do livro e para pesquisadores interessados de outras instituições. A obra também foi disponibilizada gratuitamente na forma de e-book, que pode ser baixado do site da Editora Pedro&João.

Vale destacar que a pesquisa que originou o livro foi desenvolvida entre março de 2016 e fevereiro de 2019, amparada por Bolsa de Produtividade em Pesquisa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O CNPq, ao lado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e da própria UNIFAL-MG, também apoiou a pesquisa por meio de Bolsas de Iniciação Científica (IC) e Iniciação Científica Júnior (IC-Jr) a estudantes de graduação e Ensino Médio. O estudo recebeu apoio também da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com recursos destinados ao Programa de Pós-graduação em Educação da UNIFAL-MG e bolsas de mestrado.