Como o ciclo circadiano e os genes clock influenciam a sua vida!

Como o ciclo circadiano e os genes clock influenciam a sua vida!

O que é o ciclo circadiano?

O ciclo circadiano é o mecanismo pelo qual nosso organismo se regula entre o dia e a noite. A partir dele, nossos processos fisiológicos são comandados para que nosso corpo consiga acordar, sentir fome, estar ativo, ficar com sono, e assim por diante.

O período de 24 horas, ou seja, o dia completo é que dita o nosso ciclo circadiano. Mas algumas pessoas conseguem “funcionar” melhor durante o dia; outras, durante a noite. E esse processo é regulado por vários fatores, incluindo a genética.

O que são os genes clock?

Um dos genes bastante estudados é o gene CLOCK – nome sugestivo para aquele que ajuda a  controlar nosso relógio biológico! Estudos mostram que determinadas variantes desse gene predispõem a hábitos mais noturnos, fazendo com que seus portadores experimentem privação de sono por períodos mais prolongados e/ou com maior frequência.

Os genes clock promovem a ativação e a inativação da produção de algumas proteínas participantes do metabolismo do corpo todo, aumentando e diminuindo sua atividade, além de possuírem total relação com a manutenção com o ciclo circadiano.

Ciclo desregulado, genes clock ruins ativados…

Ciclo regulado, genes clock bons ativados!

Sendo assim, qual a importância de regular seu ciclo circadiano?

Estudos demonstraram que comparados ao cronótipo diurno, essas pessoas levam mais tempo para pegar no sono (conseguem dormir mais de 1 hora depois) e conseguem dormir por menos tempo durante a noite. Alelos de risco para esse gene também têm sido associados a um maior Índice de Massa Corporal (IMC), à maior dificuldade para perder peso, a maior risco de obesidade e até de desenvolvimento da síndrome metabólica.

A redução do sono também interfere com a quantidade de grelina no sangue (hormônio produzido no estômago chamado de “hormônio da fome”). Isso leva a alterações de comportamento alimentar, culminando em maior frequência de sensação de fome

E aí é que a coisa perde o controle, pois alimentação e sono tem uma relação bastante estreita.

Somando-se ao que foi dito, quando levamos em conta um indivíduo que possui seu ciclo regulado e estável, as funções biológicas estariam mais estáveis e assim as atividades do seu corpo estariam funcionando em uma determinada hegemonia durante o dia a dia.

Seguindo a linha de raciocínio do que foi exposto, ao desregular o seu ciclo circadiano, você estaria propiciando a fosforilação – a ativação – de alguns genes clock que, por sua vez, afetam diretamente de forma maléfica o seu metabolismo, seja diminuindo sua velocidade, ou dificultando as reações que ele precisa fazer – desde a digestão alimentar até a absorção de nutrientes –, e também do aumento de incidência dos casos de transtornos de humor, já que os indivíduos com o ciclo circadiano desregulado apresentam maior predisposição para esses casos.

Formas de regular seu ciclo circadiano:

– Organização das tarefas diárias e manter uma rotina saudável

– Realizar atividades físicas, se possível sob orientação profissional

– Manter uma alimentação balanceada e saudável

– Procurar se expor a luz solar precocemente – isso fará com que seu nervo óptico mande um sinal para seu cérebro de que o dia começou.

– Fazer a higiene do sono – tentar diminuir a exposição aos diferentes tipos de emissão de luz à medida que vai anoitecendo – isso fará com que genes clock sejam ativados e seja produzida, por exemplo, a melatonina, que é o hormônio que regula seu sono.

 Autor: João Silva Ferreira

Revisão e Coordenação: Juciano Gasparotto

REFERÊNCIAS

Perlis RH. Treatment of bipolar disorder: the evolving role of atypical antipsychotics. Am J Manag Care. 2007;13(7 Suppl):S178-88. Erratum in: Am J Manag Care. 2008;14(2):76.

van der Horst GTJ, Muijtjens M, Kobayashi K, Takano R, Kanno S, Takao M, Wit J, Verkerk A, Eker AP, Leenen D, Buijs R, Bootsma D, Hoeijmakers JH, Yasui AA. Mammalian Cry1 and Cry2 are essential for maintenance of circadian rhythms. Nature. 1999;398(6728):627-30

Collins B, Blau J. Keeping time without a clock. Neuron. 2006;50(3):348-50