Cultura de célula animal in vitro

Cultura de célula animal in vitro

Dentre as metodologias utilizadas em pesquisas científicas, uma das mais utilizadas atualmente é a cultura de célula animal in vitro, que consiste no estudo do comportamento biológico e/ou fisiológico de células animais fora do contexto das variações sistêmicas presentes no contexto in vivo. Esse termo foi criado no início do século XX, e atualmente, a metodologia é bem vista e considerada como uma boa alternativa para a redução do uso de animais, sendo uma técnica mais acessível financeiramente, uma vez que os animais precisam ser alimentados e mantidos em boas condições de higiene e saúde.

Além disso, os resultados são mais rápidos e os pesquisadores podem controlar as variáveis dos testes in vitro, regulando a interação entre as células e a matriz, as condições de pH, concentrações de nutrientes e hormônios, além de definir a quantidade adequada ou desejada das concentrações e tempo. Podemos citar, entre as desvantagens do método, a ausência da influência do metabolismo animal nos experimentos, a dificuldade de simular a estrutura tecidual tridimensional, pois o cultivo mais utilizado é bidimensional, além de demandar experiência do pesquisador para evitar a contaminação por microorganismos e químicos durante a manipulação. Também é necessário um controle rígido do ambiente para evitar contaminação cruzada e para conter riscos biológicos, e demanda um alto investimento em equipamentos, reagentes e cultivos, por exemplo. Há duas formas de cultivo celular in vitro utilizadas atualmente, sendo os cultivos 2D e 3D. O cultivo 2D é o bidimensional, com crescimento em monocamadas de células planas e alongadas, tendo uma menor representação do ambiente in vivo. Já o cultivo 3D, é mais caro, mas apresenta o crescimento em diversas camadas e com as formas preservadas, além de interagir com o meio nas três dimensões.

Quando comparados, o cultivo 3D melhor representa as condições do in vivo, o que fornece melhores resultados em pesquisas de modelos tumorais, imunoterapias e descobertas de drogas/medicamentos, e engenharia de tecidos, por exemplo. A cultura de células, atualmente, além de estudar o comportamento de tecidos e células, se estende à aplicação nas áreas de interesse médico, como por exemplo, para o câncer. Nos testes quimioterápicos, é possível testar a eficiência de um medicamento em células cancerosas. Ainda nesse sentido, os testes in vitro abrangem diversas áreas, como a citotoxicidade, sendo útil para avaliar a compatibilidade de biomateriais também.

Diante das informações apresentadas, percebemos que os testes in vitro têm recebido maior visibilidade nos últimos tempos por ser a melhor alternativa existente à utilização de testes em animais e pelas vantagens já discutidas. Ademais, esses métodos são considerados complementares à utilização dos testes in vivo, mas ainda não podem ser considerados totalmente substitutivos.

Autoras: Bianca Dinis da Silva, Leticia Helena Parreira e Maria Eduarda Morais Rocha

Revisão e responsáveis da disciplina: Graziela Domingues de Almeida Lima e Amanda dos Santos Lima

Conteúdo gerado a partir da disciplina: Cultura de célula animal e bioensasios

Coordenação do projeto de extensão: Juciano Gasparotto

Referências

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