Iodeto de propídeo e as suas aplicações

Iodeto de propídeo e as suas aplicações

O iodeto de propídeo (PI) é um agente intercalante fluorescente que pode ser utilizado para corar ácidos nucléicos ou células, sendo capaz de se ligar às moléculas de DNA entre suas bases. O iodeto de propídeo após se ligar ao DNA tem seu máximo de emissão a 617 nm, seu máximo de excitação é de 535 nm e aumenta a sua fluorescência 20 a 30 vezes. Esse intercalante é muito utilizado em microscopia de fluorescência; microscopia confocal de varredura a laser; citometria de fluxo e fluorimetria. Na microscopia é utilizado para visualizar o conteúdo detalhado do DNA, já na citometria de fluxo é usado com o intuito de avaliar a viabilidade celular e analisar o ciclo celular.

Quando se quer verificar a viabilidade da membrana plasmática pode-se usar o iodeto de propídeo, pois, se houver perda de integridade da membrana e morte celular vai ser notado a incorporação do iodeto nessas células. Porém, se a membrana permanecer intacta e não houver morte celular pode-se notar que não há incorporação desse intercalante. A utilização do iodeto de propídeo é frequente e ampla por ser estável, economicamente vantajosa e com uma boa indicação de viabilidade celular, sendo tal propriedade justificada pelo seu alto peso molecular e por sua relativa lipofobia, que não o permite adentrar em células intactas ou apoptóticas que apresentem membrana íntegra.

Assim, sua utilização geralmente está associado a Anexina V-FITC (fluorescência verde) e com o corante PI (florescência vermelha), no início da apoptose (FITC + PI -) em células tardiamente apoptóticas ou necróticas (FITC + PI +). Para evitar a presença de um falso positivo, se faz necessário um tratamento com nucleases, uma vez que o PI também se liga ao RNA, distinguindo a coloração de RNA e DNA. Além disso, ele é amplamente utilizado na coloração por fluorescência e visualização da parede vegetal celular, sendo possível observar nitidamente o contorno das células.

Um exemplo de sua aplicação seria para observar por microscopia confocal o contorno das células do tecido radicular das sementes de Arabidopsis thaliana, possibilitando identificar com precisão em qual parte da raiz pode expressar um gene de interesse e se esse último foi fundido com o gene que codifica a proteína fluorescente verde. O iodeto de propídeo não é considerado um produto nocivo para o ser humano, entretanto ele deve ser manuseado com muito cuidado e com o uso de luvas, mesmo que ele possua uma alta lipofobia que limite sua penetração nos tecidos.

Por conter maior sensibilidade para detectar a necrose celular, o iodeto de propídeo se torna um composto de baixa toxicidade para as amostras, podendo permanecer em contato com essas de forma prolongada. Contudo, se adicionado ao meio de cultura utilizado pode-se observar a inibição do crescimento das células em questão.

Autoras: Gabriella Souza Nunes, Heloísa Cranchi Pazetto, Lívia Andrade de Oliveira e Maria Angélica Borba Vieira Ferreira

Revisão e responsáveis da disciplina: Graziela Domingues de Almeida Lima e Amanda dos Santos Lima

Conteúdo gerado a partir da disciplina: Cultura de célula animal e bioensasios

Coordenação do projeto de extensão: Juciano Gasparotto

Referências

THERMO FISHER SCIENTIFIC. Propidium Iodide: solução. Resumo do produto. Disponível em: https://www.thermofisher.com/order/catalog/product/P1304MP?SID=srch-srp-P1304MP

BIOLEGEND. Propidium Iodide Solution: solução. Descrição do produto. Disponível em: https://www.biolegend.com/en-us/products/propidium-iodide-solution-2651

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