Viabilidade celular e o azul de Tripan

Viabilidade celular e o azul de Tripan

Testes de viabilidade celular são aplicados para avaliar a funcionalidade das células e, em geral, são rápidos, de baixo custo, úteis para quando é necessário testar um grande número de amostras e ainda apresenta como vantagem a não utilização de modelos animais. Além disso, estes ensaios podem recorrer ao uso de células humanas, o que em alguns casos, pode apresentar maior relevância quando comparado com testes in vivo feitos em animais.

Os ensaios de viabilidade se baseiam nas funções celulares como, permeabilidade de membrana, atividade enzimática, adesão celular, produção de ATP, enzimas entre outros. Alguns compostos químicos e até mesmo físicos tem potencial para prejudicar o metabolismo celular e tais substâncias podem causar danos por diferentes vias, como destruição da membrana celular, ligações irreversíveis a receptores, bloqueio da síntese de proteínas, etc.

Em geral, procedimentos que buscam verificar a viabilidade são empregados em triagens​ de compostos, que buscam determinar se as moléculas testes têm efeitos na saúde celular ou se apresentam efeitos citotóxicos que podem levar à morte da célula. Além disso, esses procedimentos também são comumente aplicados para medir a ligação de moléculas ao receptor e para observar uma variedade de eventos como a transdução de sinal, tráfego de componentes celulares a até mesmo o monitoramento da função de organelas. Para analisar a viabilidade celular, pode-se aplicar uma ampla gama de procedimentos, como: ensaios de exclusão de corantes, colorimétricos, fluorimétricos e luminométricos.

Ao escolher qual procedimento será aplicado no estudo, deve-se levar em conta alguns critérios, como, a disponibilidade do laboratório, o composto a ser testado, especificidade e sensibilidade. Uma das técnicas, mais tradicionais, rápidas e de menor custo para se verificar a viabilidade celular, é de exclusão por corante comumente utilizado para quantificar as células vivas presente em uma amostra, conhecido como azul de tripan. Essa substância atua de modo a invadir células mortas que não possuem integridade na sua membrana, ligar-se às proteínas intracelulares, deixando essas com uma coloração azulada, sinalizado assim, sua inviabilidade. Por outro lado, células vivas possuem membranas celulares intactas, o que impede a entrada e ação do azul de tripan.

Os testes que utilizam a aplicação de corantes, podem ser afligidos por algumas adversidades, como por exemplo: 1) a funcionalidade celular pode estar comprometida, por mais que sua membrana esteja íntegra, como também sua integridade pode estar alterada e mesmo assim a célula consegue reparar e se tornar viável e 2) a avaliação feita manualmente por indivíduos diferentes pode gerar interpretações variadas, sendo necessário o uso de citometria de fluxo.

Conclui-se que métodos mais tradicionais para testar a viabilidade de células, como os realizados com azul de tripan, são viáveis e rápidos, mesmo envolvendo coloração e contagem manual, porém com os avanços recentes da instrumentação há inclusão de novos sistemas automatizados que podem aumentar o rendimento e a precisão destes ensaios.

Autoras: Hanna Karolina de Araujo Batistão, Jéssyka Boratti Xigliano, Lucas Alisson Bonifácio e Nathália Alves Bento

Revisão e responsáveis da disciplina: Graziela Domingues de Almeida Lima e Amanda dos Santos Lima

Conteúdo gerado a partir da disciplina: Cultura de célula animal e bioensasios

Coordenação do projeto de extensão: Juciano Gasparotto

Referências 

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