Campus Varginha recebe palestrantes de renome na temática de moedas sociais digitais para discutir os impactos da política pública com acadêmicos e gestores políticos

Com a proposta de apresentar os impactos sociais e ecológicos da utilização da moeda social, o grupo de pesquisa “Oikos – Desenvolvimento, Sustentabilidade e Políticas Públicas” e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da UNIFAL-MG promoveram o eventoMoedas sociais digitais: os casos da Mumbuca (Maricá-RJ), e do Banco Palmas (Fortaleza-CE)”. A atividade ocorreu no campus Varginha nos dias 16 e 17/11, e contou com a participação de dois dos principais atores sobre o tema do país: Joaquim Melo, fundador do Banco Palmas; e Danilo Pitarello Rodrigues, superintendente da Companhia de Desenvolvimento de Maricá-RJ.

Prof. Fernando Pereira (coordenador do evento) e o convidado Danilo Pitarello Rodrigues (superintendente da Companhia de Desenvolvimento de Maricá-RJ). (Foto: Arquivo/Fernando Pereira)

O evento foi coordenado pelos professores do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da UNIFAL-MG Varginha, Fernando Batista Pereira e Dimitri Augusto da Cunha Toledo. “A iniciativa inicial era trazer Danilo Pitarello Rodrigues, para compartilhar a experiência bem-sucedida da política de desenvolvimento local de Maricá-RJ em uma aula da disciplina ‘Desafios do desenvolvimento: laboratório de sustentabilidade’, do mestrado em Gestão Pública e Sociedade (PPGPS)”, conta o professor Fernando Pereira, que leciona a disciplina junto aos colegas, Everton Rodrigues da Silva e José Roberto Porto de Andrade Júnior.

Segundo o coordenador do evento, a partir dessa proposta, a vinda do palestrante gerou interesse por uma fala mais ampla em outra atividade que envolvesse as comunidades interna e externa no auditório do campus. “A iniciativa contou com a vinda de Joaquim Melo, palestrante no dia 16, o que promoveu o evento a uma escala ainda mais relevante”, diz.

Membros da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares com o professor Dimitri Toledo, coordenador adjunto da atividade (camiseta cinza), junto aos palestrantes, Danilo Rodrigues (à esquerda) e Joaquim Melo (à direita). (Foto: Arquivo/Fernando Pereira)

Joaquim Melo é criador da metodologia das moedas sociais e bancos comunitários no país, desde 1998, na comunidade Palmeira, em Fortaleza-CE. “Ele é uma pessoa da comunidade Palmeira lá em Fortaleza, que desenvolveu essa tecnologia exatamente junto aos outros moradores a fim de criar uma alternativa para que aquela renda não direcionada que as pessoas da comunidade possuíam, não saísse de lá e pudesse promover o desenvolvimento local”, conta. “A forma criada foi não só a moeda social, mas formas de estimular o próprio circuito produtivo ali na comunidade”, acrescenta.

Durante a palestra na UNIFAL-MG, o convidado explicou que, para criar o banco comunitário, foram feitas pesquisas sobre quais os principais gastos da comunidade, quando constataram se tratar de produtos de higiene pessoal, roupas, entre outros. Com o tempo, a comunidade passou a produzir sabão, sabonete, roupas e montou uma grife no local, como forma de não permitir que a renda ou riqueza dos moradores fosse direcionada para outros empreendimentos.

Danilo Pitarello Rodrigues é responsável pelos avanços tecnológicos da política de desenvolvimento social, econômico e ambiental em Maricá-RJ, que tem sido referência para outros municípios do país. A iniciativa do Mumbuca é liderada pela prefeitura do município, que usa boa parte da tecnologia desenvolvida por Joaquim Melo. “O Danilo trabalha com a criação de aplicativos para tentar fazer com que os recursos permaneçam na própria região e dinamizem a economia local”, explica o professor Fernando Pereira. Na visita à Universidade, Danilo Rodrigues falou com os mestrandos em Gestão Pública e Sociedade sobre a criação de aplicativos como uber local e iFood local.

Palestrante Danilo Pitarello Rodrigues. (Foto: Arquivo/Fernando Pereira)

Conforme o professor Fernando Pereira, tanto os aspectos positivos quantos os negativos da experiência dos convidados foram compartilhados com o público presente nas palestras, para que além de acadêmicos, possíveis formuladores e executores de políticas públicas pudessem conhecer a adaptar à sua realidade, como os futuros mestres em Gestão Pública e Sociedade. “Eu pedi para que os palestrantes explicassem não apenas o que deu certo, mas também as estratégias que fracassaram ou que não deram muito certo, o que é exatamente o que um executor na replicação de uma política pública precisa saber”, comentou. “Apesar do seu alto potencial, não é da noite para o dia que você faz uma política, então foi uma maneira de ajudar que a experiência possa ser adaptada e replicada para outras localidades.”

As palestras foram prestigiadas por estudantes, professores e também membros externos, como gestores e autoridades políticas da região. Ao fazer um balanço do evento, o coordenador disse que, embora a criação de moeda social e banco comunitário já tenha acontecido há cerca de 25 anos, o tema é muito novo e muitas pessoas na própria Universidade ainda não conhecem, exceto quem estuda a respeito. “Para muita gente foi uma novidade total, então os palestrantes responderam muitas perguntas, o que foi um sinal de interesse pelo tema e importância do evento”, salientou, dizendo que a temática envolve áreas como Economia, Ciências Sociais, Administração Pública, Contabilidade, Ciências Ambientais, dentre outras, tanto para práticas de ensino, pesquisa e extensão, seja na graduação ou na pós-graduação.

Público que prestigiou a palestra. (Foto: Arquivo/Fernando Pereira)

De acordo com o professor, a realização da atividade também pode resultar em futuras parcerias para a UNIFAL-MG. “Para a academia isso pode gerar um potencial muito grande. Nos dois casos, em particular em Maricá, a prefeitura local e a Companhia de Desenvolvimento local têm firmado parcerias efetivas com diversas universidades, por exemplo, com a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, com a Universidade Federal Fluminense e até com universidades fora do país, porque eles reúnem já uma base de dados muito grande, que permite avaliar a evolução e o impacto dessas políticas por eles desenvolvidas. Então, embora naturalmente não fechamos parceria, o nosso interesse é que isso abra portas também para que a UNIFAL-MG futuramente seja um desses parceiros”, afirmou.

A organização contou com o apoio da Direção do campus Varginha e da Direção do ICSA para a realização do evento, além da colaboração de técnicos e terceirizados, e dos professores do campus, Luís Antônio Mafra, Ricardo Carvalho Silva, Elisa Zwick, Nildred Martins, Thiago Gambi, Michele Barbosa, Wesley Silva, Kellen Rocha, Cláudio Caríssimo, dentre outros, que levaram suas turmas para acompanharem o evento. A Diretoria de Comunicação Social prestou apoio na divulgação da atividade, que foi também prestigiada pelo professor Francisco Xarão, pró-reitor de Extensão e Cultura.