“Libras: aprendizagem na vida cotidiana” – Rafael Carlos Lima da Silva

Como resultado da experiência nas comunidades surdas, convivência com surdos e do trabalho com ensino-aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), o professor de Libras Rafael Carlos Lima da Silva, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da UNIFAL-MG, acaba de lançar o livro “Libras: aprendizagem na vida cotidiana”, pela Dialética Editora.

Em 344 páginas e seis capítulos, o livro traça possibilidades de aprender a língua, bem como contribuir com os aprendizes a potencializarem o melhor de si mesmos durante o processo de aprendizagem da Libras na vida cotidiana. 

De acordo com o autor, a escrita do livro permitiu encontrar perspectivas sobre a aprendizagem de diferentes conteúdos em diversos ambientes, além de aproximar da aprendizagem de Libras e relacionar com suas observações advindas da prática docente.  

No primeiro capítulo, além da teoria sobre a aprendizagem humana numa perspectiva abrangente, o leitor pode encontrar as teorias histórico social, social-cognitiva e teoria da autorregulação, assim como compreender mudanças de comportamento, emoções, aspectos biológicos, atitude, motivação, estratégia, entre outras variáveis que abrange a aprendizagem. 

O segundo capítulo apresenta, de modo restrito, ‘teorizações’ sobre a aprendizagem da língua, buscando contribuir para melhor compreender “como” acontece a aprendizagem das línguas. Enquanto no terceiro capítulo, o objetivo é realizar uma discussão que apresente diversos locais de aprendizagem, ou seja, discutir “onde” se desenvolvem aprendizagens. Nessa perspectiva, o autor argumentou que as instituições escolares não são os únicos lugares para o desenvolvimento de aprendizagens. 

“Enfatizando o processo de aprendizagem, a escrita deste livro permitiu-me encontrar, descobrir, aprender e refletir perspectivas sobre a aprendizagem de Libras (…)”, elucidou Rafael da Silva.

Por sua vez, o quarto capítulo, intitulado “Libras: o que é? Seus sinalizantes e status de ‘propriedade'”, pretende realizar uma breve síntese da institucionalização da Libras, da definição da língua, de quem são os sinalizantes da língua e, segundo Rafael da Silva, (contra)argumentar discussões que distribuem status de pertencimento da língua entre seus sinalizantes.

O autor explicou que o objetivo do status de propriedade da Libras é problematizar discursos que propalam ser os surdos os ‘donos’ da língua – com concessão  aos seus filhos ouvintes (Children of Deaf Adults – CODA) e, consequentemente, aos demais ouvintes não são atribuídos o status de propriedade com a língua. Dessa forma, o intuito do quarto capítulo é “argumentar que a Libras é uma língua de domínio público, de uso individual e coletivo e, ao mesmo tempo, uma língua que suscita subjetividades de pertencimento em seus sinalizantes surdos e não-surdos”, salientou.

O quinto capítulo discorre acerca do processo de aprendizagem da Libras por pessoas surdas e, com ênfase, por pessoas ouvintes (não-CODA), bem como fornece elementos teóricos e relatos práticos sobre a aprendizagem de Libras. Já no último capítulo, são descritas as principais características dos níveis gramaticais da Libras: fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática.

Segundo o autor, a obra não pretende ser um “livro de receitas”, mas um convite para conhecer como é possível a aprendizagem autorregulada da Libras na vida cotidiana. “A proposta é provocar uma sadia inquietação em seus leitores de ‘como’, ‘onde’ e ‘com quem’ é possível a aprendizagem de Libras, sem que isso signifique necessariamente estar apenas em contexto de imersão em cursos, ou em contato direto com os sinalizantes surdos e ouvintes da língua”, ressaltou.

O livro tem como público-alvo aqueles que aspiram ou já são aprendizes/sinalizantes da Língua Brasileira de Sinais e pessoas que investigam no âmbito da Libras.

Aos interessados em saber mais sobre “Libras: aprendizagem na vida cotidiana”, a obra pode ser encontrada no site da Dialética Editora: https://loja.editoradialetica.com/humanidades/libras-aprendizagem-na-vida-cotidiana

*Jaíne Reis Martins é estagiária da Diretoria de Comunicação Social da UNIFAL-MG