Projeto “(F)atos de linguagem: entre a Lógica e a Linguística” aproxima disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática; iniciativa está alinhada à Olimpíada Brasileira de Linguística e atende estudantes de ensino fundamental e médio

É comum ouvir, no dia a dia, comentários sobre diferenças entre Língua Portuguesa e Matemática. Entretanto, existem relações que aproximam essas duas disciplinas escolares, conforme propõe o projeto “(F)atos de linguagem: entre a Lógica e a Linguística”, da UNIFAL-MG. Essa iniciativa extensionista se singulariza ao trazer à tona a interdisciplinaridade a partir da resolução de problemas linguísticos da Olimpíada Brasileira de Linguística (OBL), com o intuito de valorizar o multi/plurilinguismo e de refletir sobre a língua de maneira mais divertida. No momento, o projeto desenvolve atividades virtuais, quinzenalmente, em parceria com a Escola Brasil e o Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), do município de Varginha. Para comemorar o Dia Nacional da Língua Portuguesa (5/11), conheça mais a iniciativa:

Desenvolvido desde 2020, o projeto de extensão da UNIFAL-MG objetiva relacionar Lógica e Linguística com base na metodologia de Resolução de Problemas. “Na primeira submissão à PROEX, nosso objetivo era trabalhar presencialmente, mas precisamos nos readequar. Foi exatamente aí que fizemos uma live com o atual presidente da OBL e alguns alunos do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), que assistiram e nos procuraram”, explicou o Prof. Jackson Wilke da Cruz Souza, coordenador da ação. 

“O que estamos fazendo aqui no (F)atos da Linguagem é apenas uma das infinitas possibilidades de analisar, ensinar e aprender língua e linguagem”, destaca o Prof. Jackson Souza, coordenador do projeto. (Foto: Arquivo Pessoal)

Após isso, o projeto trabalhou a formação desses graduandos, em encontros on-line e síncronos, para resolver problemas da Olimpíada, compreender a metodologia e propor exercícios para aplicação nas turmas. “Na edição de 2021, propusemos às escolas que nos auxiliassem a criar um Ciclo de Formação Interdisciplinar no Currículo Escolar, em que fosse oferecido um curso de formação continuada aos professores de ensino fundamental e médio da região de Varginha-MG. Assim, mensalmente, nos reunimos, e os encontros são conduzidos pelos professores parceiros do projeto, incentivando e formando outros participantes para que implementem estratégias interdisciplinares de ensino”, explicou o docente da UNIFAL-MG.

Neste ano, a OBL abriu inscrições para alunos do ensino fundamental. “Até onde se sabe, nós somos uma das poucas iniciativas ligadas à referida Olimpíada que já trabalha com esse público, criando materiais e estratégias metodológicas específicas para esses alunos”, completou o Prof. Jackson Souza. 

De acordo com a Profa. Michele Barbosa, a participação dos discentes estampa a curiosidade e a motivação para compreender os meios atrelados à teoria, ao conteúdo, às maneiras de resolução das situações-problema. (Foto: Arquivo Pessoal)

Coordenadora adjunta do “(F)atos de Linguagem”, a professora Michele Barbosa, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, vê no projeto, além da troca de conhecimentos entre universidade e escolas, uma oportunidade de provocar novos desafios e instigar a curiosidade tanto de alunos da educação básica quanto de universitários. “O que é mais importante é que o aluno seja desafiado para solucionar essa questão e, além de tudo, na trajetória dele, proporcionar uma realização pessoal. Isso é muito evidente e se efetiva a partir do momento que esse é um projeto de extensão e toca, primeiramente, os graduandos”, enfatiza a docente. 

Até o momento, o projeto conta com a atuação de duas bolsistas, as universitárias Milena de Oliveira Santana e Giselli Pedreira Alcantara, do 4° período do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia, e, como voluntários, dos discentes Guilherme Vitor do Espirito Santo Adao, Thalia de Carvalho Amorim, Maria Eduarda Paulino Cunha, Maria José Gomes Martins e Milena Aparecida Batista. Nas escolas participantes em 2021, os professores responsáveis são Valéria Camondá Pereira (Língua Portuguesa), na Escola Brasil, e Erika Kress (Língua Portuguesa) e Michael Ferreira (Matemática), no CEFET. 

“Participar do projeto tem sido importante para desenvolver a comunicação tanto com os professores e colegas de equipe como com os alunos das escolas parceiras. Há um jeito diferentes de conversar com os estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental, da Escola Brasil, outra forma de conversar com os alunos do 3º ano do Ensino Médio, do CEFET, e outra forma de repassar tudo para meus professores”, destacou a bolsista Milena Santana.

Para a universitária Milena Santana, com o projeto foi possível aprender novas formas de se comunicar com diferentes públicos. (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com ela, por conta das diferenças de abordagens, as atividades são ajustadas para cada escola a fim de que todos possam compreender, aprender e se divertir com as questões. “E, ao final de cada encontro, sempre conversamos para saber como resolveram a atividade, qual foi o nível de dificuldade e se gostaram de participar da reunião”, completou.

“Quando se aprende a semelhança, e o quanto podemos utilizar de uma para acrescentar a outra, vimos que elas se tornam mais fáceis de entender”, disse a discente Giselli Pedreira Alcantara sobre as inter-relações entre Língua Portuguesa e Matemática. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a graduanda Giselli Pedreira Alcantara, além da adaptação dos conteúdos, o aprendizado que ela leva dessa experiência é entender meios de conectar Língua Portuguesa e Matemática. “As matérias são mais parecidas do que imaginamos. Há uma lógica que nos ajuda a entender a organização da língua, assim como o português nos ajuda a compreender problemas matemáticos, a interpretar símbolos, palavras, frases”, relatou. À Dicom, a universitária também destacou a organização de atividades assíncronas, pelo projeto, destinadas às redes sociais, a fim de manter o engajamento dos alunos mesmo quando não há intervenções. Conheça mais sobre a OBL em publicações do projeto. 

“É muito engraçado que, em todos os lugares em que apresentamos a proposta, as pessoas sempre se surpreendem como é possível pensar e analisar a língua e seus fenômenos sem lançar mão de jargões científicos e/ou recursos dos manuais de gramática. Isso só demonstra como nós precisamos atualizar os métodos de ensino, aprendizagem e avaliação de conteúdos”, disse o Prof. Jackson Souza. 

Segundo o coordenador, as ações do projeto (F)atos de Linguagem são algumas das infinitas possibilidades de analisar língua e linguagem. “Quanto mais variedades linguísticas dominarmos, mais espaços sociais conseguiremos ocupar, consequentemente; quanto mais compreendemos possibilidades de ensino-aprendizagem da língua portuguesa, mais conseguiremos ver nossos alunos menos passivos em interpretações de textos e potencialmente transformadores e livres”, finalizou o docente. 

A Olimpíada Brasileira de Linguística acontece desde 2011, instigando seus participantes a ampliar habilidades lógico-analíticas, intuição linguística e visão sobre os povos do mundo, a partir de uma abordagem interdisciplinar.

Acompanhe o projeto (F)atos de Linguagem: entre a Lógica e a Linguística” no Instagram. 

Fotos: Arquivo do projeto