Estudo sobre uso de aplicativos móveis no tratamento de pacientes que sofrem com incontinência urinária, desenvolvido por um grupo de pesquisa da UNIFAL-MG e Unicamp, ganha destaque internacional como referência para pesquisadores da área de UroFisioterapia

O uso de tecnologias para o treinamento dos músculos do assoalho pélvico tem sido objeto de investigação em diversos estudos da área de UroFisioterapia. Na UNIFAL-MG, o tema faz parte das pesquisas desenvolvidas pela professora Simone Botelho, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR). Recentemente, um dos estudos orientados pela pesquisadora gerou artigo considerado pela Wiley — editora internacional, focada na publicação de trabalhos acadêmicos —, um dos mais citados por outros pesquisadores no período de 2020 e 2021.

Anita Nagib, orientanda da professora Simone Botelho na ocasião da defesa. Atualmente, a professora Anita Nagib é vice-reitora do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (UNIFAE), em São João da Boa Vista-SP. (Foto: Arquivo Pessoal)

Trata-se do estudo intitulado Use of mobile apps for controlling of the urinary incontinence: A systematic review, produto da tese defendida por Anita Bellotto Leme Nagib, junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Cirurgia na Unicamp. O trabalho contou com a colaboração interinstitucional da UNIFAL-MG, sob a orientação da professora Simone Botelho (também pesquisadora colaboradora na Unicamp), e do professor Cássio Riccetto, da Unicamp.

O artigo é uma revisão sistemática de literatura e foi publicado em 2020 na Neurourology and Urodynamics, revista científica da International Continence Society com fator de impacto 2.037, considerada pelos profissionais de urologia, uroginecologia, fisioterapia e enfermagem como uma das melhores revistas da área.

“O desenho da linha investigativa da qual o estudo fez parte, tem seu berço na UNIFAL-MG, quando iniciamos os estudos explorando o uso de tecnologias para o treinamento dos músculos do assoalho pélvico”, conta a professora Simone Botelho. Segundo ela, o estudo foi desenvolvido em continuidade ao projeto de seu pós-doutorado realizado em 2014 na Unicamp.

A pesquisa que explora o uso de tecnologias para o treinamento dos músculos do assoalho pélvico, originalmente iniciada pelo grupo de pesquisa da UNIFAL-MG, já recebeu destaque em vários eventos científicos nacionais e internacionais, tendo sido apresentada também em diferentes países em congressos mundiais das sociedades internacionais da área e proporcionou a criação de uma startup.

“O projeto ganhou espaço nos eventos de inovação e tecnologia e foi então premiado em eventos como INOVA MINAS (2016), FINIT (Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia), Open Innovation Week (2017); Pint of Science (2017, 2018 e 2019); Minas Digital Talks; I Startup Run (2017) (premiação); 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, com convite para compor o stand da FAPEMIG, entre outros”, conta a pesquisadora.

Profa. Simone Botelho acompanhada do professor Evaldo Vilela, presidente do CNPq/MCTI, na ocasião presidente da FAPEMIG; e do subsecretário de Ciência Tecnologia e Inovação do Governo de Minas Gerais (2015/18), Leonardo Dias, em visita aos laboratórios da UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo Pessoal)

Um dos destaques foi o projeto “Realidade Virtual para o treinamento dos músculos do assoalho pélvico”, que recebeu o prêmio INOVA MINAS em 2016. Relembre aqui. Tal projeto ganhou repercussão também na revista Brazilian Journal of Physical Therapy da área e popularização de vídeo produzido pela equipe da revista com o Minuto Ciência. “A trajetória demonstra a interação entre os pesquisadores e a importância da parceria interinstitucional para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa”, frisa. 

Para a professora Simone Botelho, ter um estudo como referência para outros pesquisadores da área demonstra a importância e o impacto da pesquisa no meio científico. “O fato de um outro pesquisador ter usado seu estudo para embasar o estudo dele demonstra que o que foi desenvolvido serviu de base para a continuidade dos estudos. A relevância científica é sem dúvida mensurada pelo número de citações. Isso demonstra a importância do estudo para o público da revista e vice-versa”, comentou.

Ao falar sobre o treinamento da musculatura do assoalho pélvico, a pesquisadora reforça que é um dos métodos mais simples de tratar as disfunções do assoalho pélvico, em especial a incontinência urinária. “Através de exercícios específicos indicados por um fisioterapeuta após uma consulta especializada, qualquer pessoa pode fazer seus exercícios, seja no consultório, em casa ou até mesmo através de aplicativos”, diz.

Estudantes, pesquisadores e professores participantes do Simpósio Internacional Multidisciplinar de Assoalho Pélvico, evento promovido pela UNIFAL-MG em Poços de Caldas no ano de 2019. Simpósio é realizado anualmente para apresentar os estudos do grupo de UroFisioterapia UNIFAL-MG e Unicamp. (Foto: Arquivo Pessoal)

Conforme Profa. Simone Botelho, é necessário saber que o treinamento é indicado individualmente, de acordo com as condições de cada paciente.  “O treinamento da musculatura do assoalho pélvico é indicado para aquela pessoa e como deve ser realizado, por quanto tempo e de que forma, por isso, eu recomendo aos nossos pacientes que antes de iniciarem os exercícios, faça uma consulta para conhecer as condições e receber a prescrição fisioterapêutica”, orienta. 

Em relação ao uso de tecnologia para o treinamento, a pesquisadora acredita ser um aliado dos pacientes nos exercícios. “Os aplicativos podem ser úteis como terapia de lembrete, registro da prática de exercícios e também como programa domiciliar de treinamento diário, quando indicado”, comenta. “A supervisão direta ou a distância por um profissional especializado tende a garantir a eficácia do tratamento, acrescenta.

O aplicativo Startopee, criado por pesquisadores do grupo UroFisioterapia Unicamp & UNIFAL-MG, é uma das facilidades pensadas para pessoas que necessitam de espaços de higiene com qualidade. A ferramenta é uma das alternativas desenvolvidas pelo grupo de pesquisa no tratamento das disfunções do assoalho pélvico, por meio de realidade virtual (gameterapia).

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