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Disfunções na mandíbula identificadas entre estudantes universitários estão relacionadas com sintomas de ansiedade e de depressão desencadeados pela pandemia; isso é o que aponta uma pesquisa da UNIFAL-MG

Sete a cada 10 universitários brasileiros (76%) afirmam que a pandemia da covid-19 impactou sua saúde mental. Isso é o que mostra o estudo “Global Student Survey”, realizado pela Chegg.org, organização sem fins lucrativos ligada à Chegg, empresa de tecnologia educacional norte-americana. Na UNIFAL-MG, uma pesquisa de iniciação científica na área de Odontologia apontou correlação entre sintomas de ansiedade e de depressão com a existência de Disfunções da Articulação Temporomandibular, as DTMs, em estudantes universitários durante a pandemia.

As DTMs envolvem os problemas identificados na articulação temporomandibular (ATM), a qual é responsável pelos movimentos com a mandíbula, para falar, deglutir, mastigar e bocejar. Tais problemas podem ser dores, desgastes e degeneração, que afetam a ATM, comprometendo a musculatura do rosto, os ossos e o conjunto articular.

“Influência da pandemia de COVID-19 sobre aspectos psicológicos e desenvolvimento de sintomatologia de DTM em estudantes universitários” é o título da pesquisa de iniciação científica desenvolvida pelas acadêmicas do curso de Odontologia, Loren dos Santos Andrade e Jordanna Victtória Borges de Castro, e pelo mestrando em Ciências Odontológicas, Lélio Fernando Ferreira Soares, sob a orientação dos docentes pesquisadores, Profa. Marcela Filié Haddad Danziger e Prof. Daniel Augusto de Faria Almeida.

(Foto: Reprodução/Canva Education)

Conforme a professora Marcela Haddad Danziger, o projeto integrou uma pesquisa maior, que avalia o impacto de fatores psicológicos sobre o desenvolvimento ou agravamento de disfunções temporomandibulares (DTMs). “Diante do cenário de isolamento social decorrente da pandemia de covid-19 e as consequentes medidas de confinamento e suspensão das atividades presenciais nas universidades surgiu a ideia de realizarmos essa pesquisa, visto que a população submetida a essas medidas de isolamento são muito mais propensas ao desenvolvimento de doenças psicológicas como depressão, irritabilidade, ansiedade, altos níveis de estresse, insônia, entre outros; conforme dados mostrados pela literatura”, explica.

Concluída no início deste ano, a pesquisa envolveu cerca de 400 universitários matriculados na UNIFAL-MG. A população do estudo participou remotamente, respondendo questionários aplicados pelo Google Forms. “Após a análise dos dados obtidos, uma vez detectada a necessidade de acompanhamento psicológico e/ou odontológico, foi encaminhado um e-mail com um link para cadastro do participante com tal demanda a fim de direcioná-lo para o tratamento necessário”, conta a orientadora do estudo.

O levantamento de dados buscou correlações entre: participantes cursando o Ensino Remoto Emergencial (ERE) e a presença de ansiedade e/ou depressão; sexo e dor por DTM, ansiedade e/ou depressão; áreas do conhecimento e medo da covid-19, ansiedade, dor por DTM ou com a presença de parafunções (transtornos involuntários e/ou inconscientes de movimentos).

“Em relação aos cursos de origem dos participantes e áreas do conhecimento, não houve associação estatística para as seguintes correlações: participantes cursando o ERE e a presença de ansiedade e/ou depressão; sexo e dor por DTM, ansiedade e/ou depressão. Ressalta-se também não ter havido associação estatística entre áreas do conhecimento e medo da covid-19, ansiedade, dor por DTM ou com a presença de parafunções”, detalha a pesquisadora.

Para a mesma variável, “áreas do conhecimento”, no entanto, a pesquisa aponta que houve associação com a presença de depressão. “Foi constatada associação entre ansiedade, depressão e medo da covid-19, e observada associação entre ansiedade, depressão e desenvolvimento de dor por DTM”, revela.

(Imagem: Adaptada de ilustração divulgada por publicação da Revista Encontro)

Para a pesquisadora, esses resultados reforçam o conceito continuamente estudado que fala sobre o impacto das alterações psicológicas e emocionais sobre o desenvolvimento de patologias sistêmicas, porém, apresenta a análise em um cenário atípico e uma população específica: cenário de isolamento decorrente de uma pandemia e a população de estudantes universitários.

“Pode-se dizer que a contribuição indireta da pesquisa para as Ciências da Saúde diz respeito à importância do desenvolvimento de mecanismos que sejam capazes de amenizar a pressão psicológica sofrida por estudantes universitários, uma vez que estas têm reflexo na saúde geral do acadêmico”, argumenta. “De maneira direta, a população estudada foi beneficiada por ter sido observada a tempo (enquanto o problema ainda existia, enquanto ainda estávamos em isolamento social) e encaminhada para o tratamento necessário naquele momento”, conclui.

Os resultados da pesquisa integram o Trabalho de Conclusão de Curso das acadêmicas Loren dos Santos Andrade e Jordanna Victtória Borges de Castro, que também apresentaram resultados parciais no 7º Simpósio Integrado da UNIFAL-MG, realizado entre novembro e dezembro de 2021. As autoras apresentarão os resultados finais em evento científico promovido pela Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo (USP). O artigo resultante da pesquisa encontra-se em fase de apreciação por periódico especializado.

Grupo de pesquisa
(Fotos: Arquivo Pessoal)