Inovações desenvolvidas na UNIFAL-MG contribuem para área de saúde e para indústria; as pesquisas se iniciaram como Iniciação Científica e foram patenteadas pelo INPI

“Carboapatita nanométrica com especificidade para regeneração óssea” e “Processo de extração e de purificação de corantes de urucum” são as duas inovações resultantes de pesquisas desenvolvidas na UNIFAL-MG patenteadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Os processos, conduzidos pela Agência de Inovação e Empreendedorismo (I9), foram concluídos no último dia 7 de dezembro e elevam o número de inovações patenteadas pela Universidade.

A invenção “Carboapatita nanométrica com especificidade para regeneração óssea” é um processo de produção de composto, semelhante ao tecido ósseo humano, para aplicação na medicina e na odontologia. A inovação favorece o tratamento de deformidades, a reconstrução óssea local e o tratamento de traumas mais delicados, a exemplo de fraturas na face e de dimensões críticas. 

Rafael Geonmonond é egresso do curso de Química da UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Para mim, foi um prazer imenso conseguir desenvolver este material, visto que fazia parte do meu projeto de iniciação científica. Me senti capaz de ajudar a sociedade ativamente quando vimos os resultados de aplicação do produto nos testes in vivo. Na época não tinha muita experiência científica, foi muito bacana do aspecto multidisciplinar, aprendi muita coisa sobre materiais biocompatíveis. Este projeto me proporcionou ampliar minha visão da ciência e então decidir por seguir com o doutorado posteriormente”, explica o pesquisador Rafael dos Santos Geonmonond, ex-aluno da UNIFAL-MG e um dos autores do estudo.

O egresso do curso de Química assina a invenção juntamente com a professora Mirta Mir Caraballo, do Instituto de Ciências Exatas (Icex), e dos professores Wagner Costa Rossi Júnior e Tomaz Henrique Araújo, ambos do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB). O trabalho teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). O processo de patente levou sete anos, sendo iniciado em 2015.

Já o “Processo de extração e de purificação de corantes de urucum” é uma pesquisa ambiental e economicamente sustentável que delimita maneiras mais eficientes de se utilizar o extrato das sementes de urucum. Essa tecnologia pode ser aplicada em diferentes ramos industriais, como no das indústrias químicas, farmacêuticas, cosméticas e alimentícias. O Brasil figura entre os maiores produtores desse corante, chegando a  12.252 toneladas em 2021, segundo dados do IBGE

O pesquisador Luciano Virtuoso é professor da UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo Pessoal)

“A extração/purificação convencional desses corantes envolve uso de solventes orgânicos tóxicos e inflamáveis que impactam negativamente o ambiente e, por isso, o desenvolvimento de métodos que permitam realizar o mesmo processo sem uso de agentes tóxicos, que mantenha a integridade do corante ao final do processo, que seja possível ser implementado em nível industrial e economicamente viável, é de enorme importância para vários setores industriais e para o desenvolvimento tecnológico do país”, relatou o professor Luciano Sindra Virtuoso, do Instituto de Química (IQ), um dos autores da pesquisa.

A pesquisa para chegar ao processo patenteado se iniciou em 2012, no trabalho de conclusão do curso da discente Deliane da Silva Cabral, graduada em Química Bacharelado pela UNIFAL-MG. “Para mim foi um enorme aprendizado logo no início da minha carreira profissional. Conduzimos este projeto na minha iniciação científica e no meu TCC, e tê-lo patenteado é motivo de muito orgulho e satisfação. Como maior aprendizado, eu ressalto a importância de ter a ciência produzida dentro da Universidade aplicável e retornando como resolução de problemas e inovação para a nossa sociedade”, reforçou a egressa da UNIFAL-MG, hoje cursando doutorado na USP.

A pesquisa que culminou na patente “Processo de extração e de purificação de corantes de urucum” iniciou durante a graduação da química Deliane  Cabral (Foto: Arquivo Pessoal)

Sob a orientação do professor Luciano Virtuoso, a proposta começou com uma investigação de como extrair corantes altamente hidrofóbicos, aqueles que têm aversão a água, em água. Com essa ideia, avaliaram sistemas aquosos bifásicos (SABs), formados por água e polímeros conhecidos, e também criaram alguns novos para fazer a separação/purificação dos pigmentos naturais do urucum.  Conforme o orientador, a ideia deu certo e evoluiu para o trabalho de doutorado da discente Cristina Mazzeu Junqueira, graduada e doutora em Química pela UNIFAL-MG. “Acabou por alcançarmos uma metodologia que permitiu extrair o corante do urucum em um ambiente rico em água e com alguns outros insumos químicos que são de menor ou nenhuma toxicidade para o ambiente e que podem ser recuperados e reutilizados no processo, diminuindo assim o custo da operação”, completou.

Além do professor Luciano Virtuoso e das egressas do curso de Química da UNIFAL-MG, a professora Aparecida Barbosa Mageste, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), também participou da pesquisa. O processo de patenteamento começou em 2017, portanto, levou 5 anos para ser concluído, e tem a Ufop como cotitular da patente obtida.

De acordo com a professora Izabella Carneiro Bastos, diretora da Agência de Inovação e Empreendedorismo da UNIFAL-MG, ambas as pesquisas foram desenvolvidas tendo em vista a geração de novas tecnologias que pudessem auxiliar a comunidade científica e  a comunidade externa como um todo. “Considerando que se trata de projetos inéditos e inovadores, deu-se início ao processo de patenteamento para que esses se mantenham protegidos e possuam todo o aparato necessário sendo oferecido pela UNIFAL-MG. Após toda a implementação dos processos, as cartas-patente foram concedidas”, destacou.

As patentes são documentos que conferem o monopólio de determinadas tecnologias a seus respectivos titulares ou criadores. Dessa forma, conforme explicou a diretora da I9, ao se investir em determinadas pesquisas, em um mundo cada vez mais globalizado, é necessário proteger e firmar a responsabilidade sobre essas. “Como recebemos as cartas-patente, é possível considerar que as pesquisas e os trabalhos da agência tiveram êxito e foram realizados com excelência. Espera-se que, com mais esse resultado positivo, possamos ampliar cada vez mais nossos trabalhos e o nosso alcance e que as pesquisas da UNIFAL-MG tenham cada vez mais credibilidade”, ressaltou a professora Izabella Bastos.

“A concessão de patentes às pesquisas da UNIFAL-MG, por meio dos trabalhos da Agência de Inovação de Inovação e Empreendedorismo, representa um marco à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico na Universidade, uma vez que fomenta a seriedade e o comprometimento das pesquisas desenvolvidas justamente por fazerem jus a todos os requisitos estabelecidos durante esse processo. Com as pesquisas devidamente regulamentadas e protegidas pela patente, é possível fortalecer a inovação e a pesquisa, favorecendo a transferência de tecnologias, ao mesmo passo que se dá lugar de destaque aos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos na Universidade”, concluiu.

Saiba mais sobre a Agência de Inovação e Empreendedorismo da UNIFAL-MG em I9/UNIFAL-MG

Conheça os pesquisadores autores da invenção “Carboapatita nanométrica com especificidade para regeneração óssea”:

Mirta Mir Caraballo – Currículo Lattes
Rafael dos Santos Geonmonond – Currículo Lattes
Wagner Costa Rossi Júnior – Currículo Lattes
Tomaz Henrique Araújo Currículo Lattes

Conheça os pesquisadores autores da invenção “Processo de extração e de purificação de corantes de urucum”:

Luciano Sindra Virtuoso – Currículo Lattes
Cristina Mazzeu Junqueira – Currículo Lattes
Deliane da Silva Cabral – Currículo Lattes
Aparecida Barbosa Mageste – Currículo Lattes