Curso de Design em Permacultura apresenta a importância de ações sustentáveis; atividades foram realizadas no Sistema Agroflorestal Urbano (SAF-Urbano) do campus Varginha
Durante os meses de outubro, novembro e dezembro foi realizado na UNIFAL-MG, campus Varginha, a primeira edição do curso de design em permacultura (Permaculture Design Course). O curso foi dividido em 4 finais de semana e introduziu conceitos e práticas voltadas à reflexão e proposição de um novo modelo de gestão territorial tendo em vista uma perspectiva sistêmica, observando aspectos energéticos, alimentícios, hídricos, práticas econômicas justas, respeito à diversidade, dentre outros.
Como função principal do curso, o mesmo tem como objetivo formar agentes de transformação social, aptos a agirem localmente em favor da resolução e da mitigação de problemas estruturais enfrentados pela sociedade contemporânea. Além disso, o curso seguiu os preceitos estipulados pela rede internacional de permacultura e a estrutura pedagógica adotada segue a proposta do professor Arthur Nanni, do Núcleo de Estudos em Permacultura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O conteúdo foi dividido em quatro módulos, sendo eles: Conexão com a natureza, com a participação de Henrique Genereze e Elaine Nogueira; Manejo da natureza (Parte A) com a participação de Henrique Genereze e Gabriel Guhr; Manejo da natureza (Parte B) com a participação de Henrique Genereze e Edilson Cazeloto; e O humano na paisagem com Henrique Genereze e Adriana Galbiati. Como trabalho final do curso, os participantes tiveram que elaborar uma proposta de design para o Sistema Agroflorestal Urbano (SAF-Urbano), localizado no campus Varginha. Somadas as atividades em sala de aula, os alunos puderam realizar atividades práticas no SAF-Urbano e no Rancho Hogaraitay, como também a visita ao Parque Centenário, ambos em Varginha.
Os participantes são, em sua maioria, do Sul de Minas, tendo um integrante de Belo Horizonte, estudantes da UNIFAL-MG, membros da sociedade civil organizada e representantes do terceiro setor, professores da rede pública e/ou particular, agente do governo e da iniciativa privada.
O professor Everton Rodrigues da Silva ressaltou a relevância da primeira edição do curso e a importância das ações voltadas à sustentabilidade e ao âmbito ecológico. “Considerando a crise climática anunciada pela comunidade científica e sua sobreposição com a agenda de desenvolvimento urbano e rural, entende-se que a formação para atuar na promoção do desenvolvimento sustentável e regenerativo (numa perspectiva inclusive, popular e humanitária) deve ser conseguida por meio da criação de cursos inovadores, criativos e de caráter extensionista, de modo a potencializar intervenções coletivas de natureza socioecológica em várias escalas de ação e consolidar uma cultura regenerativa intra e extramuro universitários, uma vez que as instituições universitárias, por sua vocação natural, são capazes de articular, promover sinergia e potencializar intervenções inovadoras no território em que atuam/influenciam. Assim, é de suma importância qualificar atores de diferentes áreas do conhecimento para o enfrentamento de problemas urbanos e rurais que emergem das crises social e ecológica que vivenciamos, como a crise climática, perda de biodiversidade etc”, completou.
Para um dos participantes do curso, Alexandre Couto Cardoso, residente em Belo Horizonte/MG, o resultado superou as expectativas. “Quando resolvi participar do Curso de Design em Permacultura eu achava que seria apenas um ‘complemento’, pois já havia visto bastante sobre este conteúdo em vídeos e livros. Fui surpreendido! O que encanta no Permaculture Design Course (PDC) não é o conteúdo, não são as técnicas ensinadas. É a mudança de concepção, de ideias, de velhos padrões empoeirados na mente e no comportamento que nos impedem de ser a mudança que a gente quer ver no mundo, como disse um dia o líder indiano Mahatma Gandhi. Espero que este seja somente o primeiro PDC, de muitos que a UNIFAL-MG venha a oferecer”. A convivência entre os participantes também foi ressaltada por Alexandre. “E que muitas outras pessoas tenham a oportunidade de serem “tocadas” por este movimento de renovação mundial, chamado permacultura”, finalizou.
O instrutor Edilson Cazeloto salientou a importância de uma universidade pública em promover ações como a permacultura. “É fundamental que o ensino de maneira em geral compreenda, aprenda e acorde para os temas que são tratados na permacultura, pois ela tem uma grande capacidade de transformação do ambiente público. E a universidade cumpre esse papel de ser um agente transformador da comunidade, a partir de iniciativas como esta, capacitando a comunidade para tomar conta de si mesma, e a permacultura faz isso.”
O curso proposto está vinculado às pesquisas acadêmicas e debates realizados no âmbito do grupo de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Organizações Outras (O2) da UNIFAL-MG, liderado pelo professor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), Everton Rodrigues da Silva e atende demanda de ativistas ambientais, de movimentos sociais locais regionais e da sociedade civil em geral.
Sobre a Permacultura
Permacultura é uma expressão originada do inglês “Permanent Agriculture” e foi proposta por Bill Mollison e David Holmgren na década de 1970. Ao longo dos anos, passou a ser compreendida como “Cultura Permanente”, abrangendo uma ampla gama de conhecimentos oriundos de diversas áreas científicas, indo muito além da agricultura. Atualmente, pode ser compreendida como uma ciência e técnica capaz de apresentar/inspirar alternativas para a satisfação das necessidades humanas, ao mesmo tempo que mantém a capacidade de geração de serviços ecossistêmicos essenciais para a vida na Terra. Também é considerada uma ciência holística e de cunho socioambiental, que congrega o saber científico com o tradicional.
Sobre o SAF-Urbano
O Sistema Agroflorestal Urbano (SAF-Urbano) implementado no campus da UNIFAL-MG em Varginha, em 2021, é um sistema socioecológico concebido à luz da ciência da sustentabilidade, da permacultura e dos sistemas agroflorestais tradicionais e tem como princípio norteador gerar bem estar à comunidade, promover educação socioambiental e estimular novos usos do campus, aproximando a universidade da sociedade. Foram plantadas 800 mudas distribuídas em 120 espécies distintas e majoritariamente raras no mercado nacional, numa área de 7200 m² (5,5% da área do campus). O espaço está em construção e a proposta é que seja transformado em um parque-escola.
* Eduardo Filipe Morais de Aquino é estagiário de Comunicação no campus Varginha.
