Neste dia 4 janeiro, celebra-se o Dia Mundial do Braille, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2018, com a proposta de destacar a importância do sistema de códigos táteis em alto-relevo, utilizado por cerca de 39 milhões de pessoas cegas e 246 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência leve ou severa na visão. A celebração da data presta homenagem ao nascimento do francês Louis Braille, o criador do sistema.

Recentemente, a UNIFAL-MG instalou elementos de acessibilidade nos campi com a proposta de proporcionar a utilização de maneira autônoma, independente e segura do ambiente. Caminhando pelos espaços, é possível verificar os elementos nos pisos, em mapas táteis na entrada de alguns espaços e a identificação em braille nas portas das salas. Os novos elementos vão auxiliar diretamente cerca de 100 discentes com necessidades especiais como baixa visão ou cegueira, atualmente matriculados.
A ação é uma parceria entre o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), vinculado à Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace), e a Coordenadoria de Projetos e Obras (CPO) da Pró-Reitoria de Planejamento, Orçamento e Desenvolvimento Institucional (Proplan).
Pisos e mapas táteis
Em uma primeira etapa do projeto foram instalados pisos e mapas táteis internos nos prédios de prestação de serviços, atendimentos e informações à comunidade e interna e aos cidadãos usuários. Segundo a equipe técnica, as áreas de serviço ou de acesso restrito, como casas de máquinas, barriletes, passagem de uso técnico, e outros similares, não precisam ser acessíveis.
Conforme informações do coordenador de Projetos e Obras, o arquiteto José Mário Barbosa Alves, o projeto prevê a instalação também na parte externa, em uma segunda etapa do cronograma. “Tais serviços são contínuos, exigindo-se sempre uma atenção da Administração para construir um ambiente que provenha segurança, orientação e mobilidade a todas as pessoas, principalmente àquelas com deficiência visual ou surdo-cegueira”, afirma.
Na Sede, os elementos podem ser observados no prédio do Restaurante Universitário (I), no Pavilhão Central de Aulas (PCA) e nos prédios B, F, G, L, O e V. Na Unidade Santa Clara, o prédio B também já apresenta os elementos de acessibilidade. No campus Poços de Caldas, a instalação foi feita nos prédios A, B e D; e no campus Varginha, nos prédios A, D e E.

Integram a equipe técnica responsável pela elaboração e acompanhamento do serviço: a arquiteta e urbanista Marinne Castilho Silva Toti e o estagiário de Arquitetura Ariel Karol da Silva Adriano. “Eles acompanharam a instalação dos elementos de acessibilidade, garantindo que fossem executados conforme o projeto, fornecendo todas as informações para o seu desenvolvimento, além de apontar as falhas a serem corrigidas”, conta o coordenador da área.
Vale destacar que o projeto foi desenvolvido em consonância com a Lei n° 13.146 de 6 de julho de 2015, que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência e as normas técnicas ABNT NBR 9050/2020 — acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos — e ABNT NBR 16.537/2016 — sinalização tátil no piso. Além disso, atende também o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).
A licitação para contratação do serviço com o fornecimento dos materiais é da ordem R$1.046.000,00.
Como interpretar o piso tátil
De acordo com informações da equipe técnica, os pisos táteis demarcam os trajetos de rota acessível. “Os pisos táteis devem atender a alguns requisitos específicos como cor contrastante ao piso em que será instalado, a fim de garantir um alto contraste que possa ser percebido pelas pessoas que possuem baixa visão”, explica José Mário Alves, acrescentando que a equipe optou por usar a cor azul para manter a identidade visual da própria Instituição.

A textura em alto-relevo tem como finalidade auxiliar as pessoas que utilizam bengala para se guiarem pelos ambientes, e os pisos se diferenciam em dois tipos: os pisos de alerta e os direcionais. “Os pisos direcionais, como já diz o nome, direcionam o usuário pelo caminho a ser percorrido. Os pisos de alerta são utilizados para indicar ao indivíduo que ele precisa se atentar, pois pode haver algum obstáculo à frente e indicam ainda a mudança de nível, como o início e o final de escadas e rampas e também apontam a obrigatoriedade e/ou a possibilidade de mudança de direção do percurso no mesmo nível”, detalha o coordenador de Projetos e Obras.
Segundo a equipe técnica, quando no caminho houver uma mudança de direção, o piso tátil de alerta será posicionado de modo a demonstrar para qual sentido o indivíduo deverá se orientar. “Essa demarcação é feita pela adição do piso ao lado da linha central de direcionamento por onde o indivíduo se guia”, esclarece.
Já os mapas táteis, aqueles mapas de alto-relevo instalados na entrada dos prédios, contêm a transcrição dos trajetos dos pisos indicando a localização dos ambientes a que a pessoa pode se direcionar. “Nele estão presentes as identificações das salas em letras em alto-relevo e também na linguagem Braille”, diz.
O sistema também foi utilizado nas placas fixadas nas portas de acesso a cada sala, identificando-as, juntamente à grafia que utiliza as letras em alto- relevo.
Como interpretar o braille

O sistema braille é uma linguagem desenvolvida em 1852 para representar os caracteres gráficos por meio de símbolos legíveis pelo tato e utilizada em quase todos os países. Cada letra do alfabeto é representada por um conjunto de esferas em alto-relevo, dispostas em uma estrutura, chamada de cela, formada por seis pontos verticais em duas colunas de três pontos e suas combinações formam letras, números e símbolos.
Louis Braille, o criador desse sistema de códigos, ficou cego aos três anos de idade e aos 20 anos conseguiu formar o sistema com diferentes combinações de um a seis pontos em relevo. O Braille é composto por 63 sinais. A leitura se faz da esquerda para a direita.