No contexto das discussões dos 200 anos da Independência do Brasil, autores especializados no tema e no período se juntam na obra “Independência do Brasil: a história que não terminou”, para apresentar suas análises acerca de um processo que desperta tantas controvérsias. Um dos artigos é assinado por Roberto Pereira Silva, professor de História Econômica do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), da UNIFAL-MG Varginha.
Intitulado “Celso Furtado e a (in)dependência do Brasil”, o capítulo apresenta a visão do economista brasileiro e um dos mais destacados intelectuais do país ao longo do século XX, a respeito da independência. O artigo foi escrito em parceria com os professores e pesquisadores de História Econômica da USP, Alexandre Freitas Barbosa e Alexandre Macchione Saes.
Conforme o professor Roberto Silva, que dedicou toda sua formação, desde a graduação até o doutorado, no estudo da obra de Celso Furtado, a Independência do Brasil para o economista, cujas ideias sobre o desenvolvimento econômico e o subdesenvolvimento enfatizavam o papel do Estado na economia, é um evento de grande importância, mas que foi um projeto inacabado, tendo em vista a falta de autonomia.
“A expansão do neoliberalismo no final do século XX fez com que Furtado reforçasse ainda mais a questão da soberania e da autonomia nacional, ou seja, a necessidade de que o país recuperasse a possibilidade de dirigir e decidir o seu destino. A perda de autonomia sempre foi vista como um grande prejuízo para o Brasil. E Furtado não falava disso apenas em termos de decisões econômicas e políticas”, afirmou em entrevista para Instituto Humanitas Unisinos (IHU), em setembro de 2022.
À luz de Celso Furtado, o pesquisador aponta que uma das riquezas da interpretação de sua obra é a comparação entre os processos de independência do Brasil e dos Estados Unidos. “É esse contraponto que lhe permitiu destacar as principais peculiaridades da Independência do Brasil”, diz. Segundo Prof. Roberto Silva, para Celso Furtado, “a Independência foi feita com uma sociedade polarizada entre grandes proprietários de terras e escravos”.
O livro “Independência do Brasil: a história que não terminou”, do qual o capítulo sobre a visão de Celso Furtado faz parte, foi organizado por Antonio Carlos Mazzeo, professor de História Econômica na USP, e Luiz Bernardo Pericás, professor de História Econômica e História Social, também na USP.
A obra reúne 12 artigos de autores especializados no tema Independência do Brasil e no período. São textos que versam sobre o processo político e econômico da época, abordando desde a crise do antigo sistema colonial, a formação do Estado brasileiro até a estrutura de classes, análises de interpretações clássicas, além de temas relacionados ao mapeamento do território, da formação do mercado livreiro, da estrutura tributária da colônia e Império, e rebeliões populares do período.
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