Mais da metade da população mundial (55%) vive em áreas urbanas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A expectativa é que esse percentual atinja 70% até 2050. Para repensar essa relação entre o indivíduo e a cidade, iniciativas da UNIFAL-MG cumprem significativo papel com ações socioambientais sustentáveis, como o programa de extensão “Agricultura Urbana e Meio Ambiente”, do campus Varginha.
Coordenado pelos docentes Luiz Antonio Staub Mafra e Lora dos Anjos Rodrigues, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), com participação dos universitários Ulisses Silva Oliveira e Paulo Vitor Reis Pedreira, o programa busca resgatar uma convivência menos artificializada nos espaços urbanos, a fim de possibilitar ao sujeito se reconhecer parte do meio ambiente, despertar para a importância da diversidade e retomar uma relação mais harmônica, preservando a capacidade de resiliência.
“As iniciativas do programa permitem que sejam integradas discussões e reflexões sobre o nosso padrão de produção e consumo, do desperdício, da alimentação, da agroecologia, enfim, vários temas que estão presentes em nosso cotidiano e dos quais, muitas vezes, perdemos a capacidade de intervir e transformar”, explicou o Prof. Luiz Mafra.
Um dos projetos em desenvolvimento é o “Agricultura Urbana: uma ferramenta pedagógica de Educação Ambiental”, em parceria com o Centro Municipal de Educação Infantil Mundo Encantado, no município de Varginha. “As educadoras estão participando de uma formação sobre a prática da agricultura urbana no dia a dia da comunidade escolar, ao mesmo tempo que se discute os temas da agroecologia e da alimentação saudável”, explicou o docente da UNIFAL-MG.
De acordo com ele, as professoras, por iniciativa da escola, passaram a se mobilizar para realizar plantios com as crianças, que têm entre 0 e 3 anos. “As atividades estão em consonância com a prática educacional de ‘desemparedamento da infância’, ou seja, de exploração de ambientes abertos onde se possa proporcionar uma educação mais lúdica, ao ar livre e em contato com o meio natural”, esclareceu a supervisora pedagógica Priscilla Bibiano.
Junto à equipe do programa, as educadoras trabalham na produção de mudas, de modo a priorizar o aproveitamento dos resíduos da própria alimentação. Isso minimiza o descarte orgânico e não impõe custos adicionais de compra de mudas. Nesta segunda edição, objetiva-se debater e estimular o uso da agricultura urbana como ferramenta transversal dos conteúdos e do desenvolvimento das habilidades previstas no Currículo Referência de Minas Gerais.
O programa de extensão também realiza, no campus Varginha, o plantio de plantas alimentícias não convencionais (PANCS), que são plantas não encontradas nos mercados, mas extremamente adaptadas ao ambiente. “Elas são mais fáceis de plantar e fazem parte da nossa história, pois eram cultivadas nos quintais de nossos antepassados. O resgate dessa cultura remete ao conhecimento popular e de nossas ancestralidades”, disse o Prof. Luiz Mafra. De acordo com ele, as plantas também serviram para uma oficina de degustação.
“Além disso, estamos organizando um site onde está sendo elaborado um catálogo de plantas com suas características e dicas sobre plantio, manutenção e sugestões de uso culinário. Assim, cada espaço poderá montar o seu catálogo de plantas e identificá-las com placas e, com o auxílio do QR code, acessar as informações em tempo real”, noticiou o coordenador do programa de extensão.
Outro projeto em andamento são estudos sobre atividades a serem desenvolvidas pelas escolas, segundo os objetos de aprendizagem da Base Curricular de Minas Gerais. “A ideia é que com essa trajetória a gente consiga mobilizar toda a comunidade, e a escola é um espaço onde é possível integrar conhecimento científico e saber popular. Ao trabalhar com os professores e alunos numa perspectiva de construção colaborativa, novos atores e ideias vão surgindo. Estamos com a perspectiva de ampliar para outras escolas do município, e, quem sabe, da região”, destacou o docente, que acredita na contribuição da Universidade tanto com a cessão de espaços para plantio como também no apoio de bolsas de extensão universitária.
Em 2020, o programa de extensão desenvolveu o projeto “Sensibilização ambiental”, em parceria com a Escola Estadual São Sebastião. Na oportunidade, professoras, em grupos, elaboraram planos de aula interdisciplinares em que poderiam desenvolver temática específica das disciplinas, a partir de uma prática relacionada à agricultura urbana. “Além disso, elas também propuseram que a feira de ciências anual desenvolvesse a temática da agricultura urbana”, finalizou o Prof. Luiz Mafra.
Criado em 2019, o programa se desenvolve por meio dos projetos “Reconhecer e valorizar: plantas da UNIFAL-MG/Varginha” e “Agricultura Urbana: uma ferramenta pedagógica de Educação Ambiental” e do evento “Seminário: pesquisa e prática da Agricultura Urbana na UNIFAL-MG e região”.