A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da UNIFAL-MG completou 10 anos de existência. Nesse período, ela atendeu 11 empreendimentos e desenvolveu 26 projetos de extensão. Para comemorar os 10 anos, a UNIFAL-MG realizou o 3º Encontro de Economia Solidária, Trabalho e Lutas Sociais, exibido entre os dias 22 e 24/11 e transmitido pelo canal da Universidade no Youtube. O evento contou com mesa de discussão sobre economia solidária, exibição de curtas, palestras e a solenidade de descerramento da placa pelos 10 anos da ITCP, realizada no campus Varginha.
As Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCP) são programas interdisciplinares desenvolvidos em algumas universidades brasileiras, construídos com o objetivo de elaborar um planeamento que reúne ensino, pesquisa e extensão em torno do tema da Economia Solidária.
Na UNIFAL-MG, a Incubadora foi criada para desenvolver atividades de apoio ao desenvolvimento e à consolidação de empreendimentos econômicos solidários, bem como ao fortalecimento do movimento de economia solidária. A criação da ITCP foi idealizada pela professora Ana Carolina Guerra, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da UNIFAL-MG, e já contou com a participação de 70 membros discentes e 6 docentes da Universidade. A iniciativa é coordenada pelo professor Dimitri Augusto da Cunha Toledo, também do ICSA.
Como beneficiários do projeto, estão os membros dos empreendimentos econômicos solidários incubados, os discentes e docentes da ITCP, bem como os demais discentes da UNIFAL-MG campus Varginha. Os grupos incubados pela ITCP são: Associação Amecafé, Associação de Catadores, Associação Sabor&Saúde, Associação Terra do Marolo, Cooperraes, Associação Terra do Biscoito de Areado – MG, Grupo de Jovens da Coopfam, Grupo de Mulheres da Coocaminas, Grupo de Motoristas de Transporte Escolar, Grupo Meninas Sabor de Minas e Grupo Mobi.
Por meio da relação dialógica mantida entre a Incubadora e os grupos de beneficiários, são desenvolvidas atividades que contribuem para a geração de trabalho e renda. A natureza do trabalho da ITCP é caracterizada como uma proposta de incubação de grupos de trabalhadores que não se encontram formalizados pelo termo de anuência da Instituição. Os grupos incubados não se caracterizam como instituições parceiras da ITCP/UNIFAL-MG, e sim beneficiários do programa, não havendo necessidade de aval formal da associação para o processo de incubação, por ser uma prática que visa à relação com os trabalhadores, e não com instituições.
O programa também contribui para a formação dos discentes, a fim de torná-los sujeitos de transformação da realidade na qual estão inseridos e fazê-los voltar o olhar para as problemáticas nacionais pelas lutas sociais e populares, estreitando o vínculo da universidade com a classe trabalhadora. A ITCP complementa o tripé da universidade, dividido entre Ensino, Pesquisa e Extensão.
No âmbito do Ensino, as atividades do grupo ocorrem por meio de encontros dialogados, nos quais os membros da equipe realizam a leitura de bibliografias relacionadas ao tema, compartilhando conhecimentos adquiridos, experiências, reflexões e questionamentos.
Além da constante construção de conhecimento envolvida nas atividades de ITCP, demonstrada pelos cursos de qualificação oferecidos, a Incubadora tem participação em atividades do Fórum Sul-Mineiro de Economia Solidária, nos congressos e encontros da Rede de ITCP, bem como nas publicações científicas de seus membros. A Incubadora realiza ciclo de formação por meio de encontros temáticos-expositivos conduzidos por convidados. As edições do ciclo de formação são abertas à comunidade e, em cada edição, os participantes são capacitados em modalidades específicas, reunindo teoria e prática.
No que tange à Pesquisa, a ITCP associa o conhecimento popular ao científico e atua em favor da produção de novos conhecimentos. Suas ações se dividem em trabalhos acadêmicos, projetos de pesquisa, participações em eventos acadêmicos e outras produções marcadas pelo compromisso social. Como resultado dessas participações, a Incubadora promove publicações de artigos em periódicos e eventos, capítulos de livros, monografias e outras produções acadêmicas.
Na Extensão universitária, a ITCP busca contribuir para a formação e a consolidação de empreendimentos econômicos e solidários, como cooperativas e associações populares, para gerar trabalho, renda e transformação social, seguindo os pressupostos da economia solidária.
Outro projeto de extensão desenvolvido pela ITCP é o Clube de Trocas Solidárias, que consiste no espaço para trocas solidárias de produtos, serviços e saberes. O Clube possibilita a socialização e difusão cultural por meio de aulas de dança, declamações literárias, apresentações musicais, murais livres, varais literários, palco aberto e demais possibilidades componentes de um ambiente de acolhimento e descontração.
Sobre o 3º Encontro de Economia Solidária, Trabalho e Lutas Sociais
O 3º Encontro de Economia Solidária, Trabalho e Lutas Sociais contou com a participação da Profa. Aline Mendonça (UCPel), Profa. Ana Carolina Guerra (UNIFAL-MG), Profa. Deise Ferraz (UFMG) e Prof. Dimitri Toledo (UNIFAL-MG) e dos discentes Guilherme Lourenço e Kaio Rosa (UNIFAL-MG). Além desses, marcaram presença no evento o secretário executivo da Rede de Gestores de Economia Solidária, Jairo dos Santos; o historiador do Museu de Imagem e do Som de Campinas, Orestes Toledo e o governador do Maranhão, Flávio Dino.
Em relato ao projeto, Rosângela de Souza Paiva, agricultora e membra da Coopfam e do Mobi, comenta a importância da Incubadora no processo de fortalecimento das empresas, por meio de informações e reflexões sobre temas como autoconhecimento e direitos das mulheres e convívio social. “As dinâmicas e as oficinas foram maravilhosas, gerando, com leveza, envolvimento. Os alunos da incubadora são muito prestativos e fiéis ao grupo, como os professores, que são coerentes e dedicados […]. Para nós do Mobi, vocês da incubadora são luz de conhecimento e amizade”, completou.
Na abertura do encontro, o coordenador da ITCP, professor Dimitri Toledo, comentou a construção coletiva do grupo na luta em defesa de um país mais justo e solidário. “Não temos a menor dúvida de que, em tempos difíceis como o que a gente vive hoje, resistências e ações de extensão como a ITCP são fundamentais para a construção de uma possível sociedade diferente, de uma outra economia”, pontuou.
A idealizadora da ITCP, docente Ana Carolina Guerra, marcou presença no evento de abertura com sua fala a respeito da importância da discussão de temas como Trabalho e Lutas Sociais, na defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras como forma de resistência. “São discussões que não podem ser negligenciadas na universidade, em especial, na universidade pública, que foi, é e precisa continuar a ser um espaço de aprendizado, de construção coletiva, de um pensamento crítico e coerente com o desenvolvimento do povo brasileiro”, pronunciou.
No evento, a representante acadêmica da ITCP, discente Maisanara Fonseca destacou a importância da participação dos alunos, junto aos professores, para o desenvolvimento das ações de Ensino, Pesquisa e Extensão realizadas pela Incubadora. “Esse evento é uma grande oportunidade para a formação dos alunos, pois os assuntos abordados são pertinentes no cenário atual brasileiro e envolvem questões políticas e sociais com o propósito de apresentar outros caminhos possíveis para que haja uma real transformação desse cenário”, expôs a discente.
Ao longo da solenidade de inauguração da placa comemorativa de 10 anos da ITCP, foram tratados assuntos como Economia Solidária; cooperativas e grupos que foram incubados; cooperativas em processo de incubação; importância de uma incubadora e a contribuição para geração de trabalho e renda.
O reitor da UNIFAL-MG, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, ressaltou a relevância dimensão estratégica da Incubadora dentro da universidade pública. De acordo com o reitor, as incubadoras de cooperativas populares, marcadas centralmente pela dimensão da solidariedade, apontam a possibilidade de pensar a economia de maneira horizontal, solidária, e, portanto, não menos produtiva ou eficaz. “É no contato com as trabalhadoras e trabalhadores que estão construindo, efetivamente, a economia do dia a dia do chão da nossa sociedade, que nós como universidade aprendemos, e, ao aprender, podemos cumprir melhor o nosso papel como universidade pública”, salientou.
A pró-reitora de extensão da UNIFAL-MG, Eliane Garcia, destacou a importância da Incubadora para os trabalhadores e trabalhadoras e a relevância do programa para a Universidade e sociedade como um todo. “Enquanto Pró-Reitoria de Extensão, nós estamos aqui na luta, juntos e juntas, para que essa proposta e ação de extensão se fortaleça cada vez mais”, finalizou.
Confira o evento no link: https://www.youtube.com/channel/UCepKOEL3eF6-pnKHLVrAbQw
*Jaíne Reis Martins é estagiária da Diretoria de Comunicação Social da UNIFAL-MG