“Hanseníase – Identificou. Tratou. Curou“: ao Jornal UNIFAL-MG, professora da Faculdade de Medicina fala sobre transmissão, prevenção, sintomas e estigmas sociais relacionados à doença

Em 30/01, comemora-se o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Hanseníase. Para abordar informações sobre a doença infectocontagiosa anteriormente conhecida como lepra, a Diretoria de Comunicação Social da UNIFAL-MG conversou com a professora Bárbara Ávila Chagas da Silva, da Faculdade de Medicina. Na entrevista, a dermatologista destacou informações sobre formas de transmissão, locais de maior ocorrência, medidas de prevenção, preconceito em relação à doença e papel da universidade na disseminação de informações sobre a hanseníase. Confira: 

– Professora Bárbara, o que é hanseníase?

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, ou seja, sua transmissão é rápida e fácil. O agente que causa a doença é uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen.

– Como ocorre a transmissão? Há formas de prevenção?

“A hanseníase predomina em áreas socioeconômicas mais desfavorecidas. Entre os países que registram novos casos da doença, o Brasil ocupa o segundo lugar”, destacou a docente.



A transmissão ocorre através da convivência prolongada de uma pessoa suscetível, ou seja, com maior probabilidade de adoecer, com um doente com hanseníase que não está sendo tratado. Pode ser através do contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz. Vale ressaltar que o tempo entre a aquisição da doença e a manifestação dos sintomas, chamado período de incubação, pode variar de meses a anos.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são as melhores formas de prevenir a transmissão. Além disso, a investigação dos contatos, vacina BCG, educação em saúde, apoio emocional, inclusão social, prevenção de incapacidades, avaliação do risco de sequelas e orientação quanto ao autocuidado fazem parte da prevenção.

– Quais são os sintomas da hanseníase?

Os sintomas da hanseníase podem variar de acordo com seu subtipo. De modo geral, pode apresentar manchas claras, avermelhadas ou escuras, com bordas mal definidas e alteração na sensibilidade, além de perda dos pelos e ausência de transpiração no local. Quando o nervo é afetado, surgem dormência, perda do tônus muscular, podendo gerar sequelas e incapacidades físicas.

– A doença ocorre predominantemente em alguma região do país e do mundo?

De acordo com a Profa. Bárbara Ávila, os sintomas podem incluir manchas claras, avermelhadas ou escuras, com bordas mal definidas e alteração na sensibilidade. (Foto: Reprodução/Canva Pro)

A hanseníase predomina em áreas socioeconômicas mais desfavorecidas. Entre os países que registram novos casos da doença, o Brasil ocupa o segundo lugar. Por isso, é considerada um importante problema de saúde pública no país.

– Qual o tratamento recomendado? Quais os exames necessários para identificar a doença e quem procurar no caso de diagnóstico positivo?

Para o diagnóstico precisamos considerar a epidemiologia, a evolução dos sintomas e o exame físico.

Há 3 maneiras de diagnosticar a doença: 1) Área da pele com perda ou diminuição de sensibilidade e/ou função autonômica; 2) Nervo periférico espessado ou assimétrico com perda de sensibilidade em seu território; 3) Baciloscopia ou biopsia positiva. Se o paciente apresentar um ou mais desses critérios, ele é diagnosticado com hanseníase. 

Após o diagnóstico, ele será classificado como multibacilar ou paucibacilar e, logo após, iniciará o tratamento.

– O preconceito ainda persiste quando se fala sobre hanseníase?

“Hanseníase – Identificou. Tratou. Curou“

Sim! Apesar de ser uma doença que possui tratamento e cura, ela ainda é estigmatizada e negligenciada por muitos brasileiros.

– Como lutar contra estigmas sociais a respeito da doença? Qual o papel das universidades nesse sentido?

A conscientização sobre o que é a doença, como prevenir, como tratar é fundamental! As universidades podem atuar na educação em saúde, desde a formação dos alunos até a orientação da população, através de campanhas e palestras.