Uma pesquisa desenvolvida por professores e estudantes do curso de Fisioterapia da UNIFAL-MG apontou o impacto da pandemia de covid-19 na população brasileira em relação ao bruxismo. Durante o estudo, os pesquisadores identificaram que 100% da população entrevistada apresentava “nervosismo” ou “estresse” devido à pandemia, ao passo que 76,42% relataram aspectos sintomáticos do bruxismo. Os resultados foram publicados no Brazilian Journal of Pain (BrJP), no dia 4 de fevereiro, e repercutiram nacionalmente em diversos veículos de imprensa.
De acordo com o professor Marcelo Lourenço Silva, docente do Instituto de Ciências da Motricidade (ICM) e um dos autores da pesquisa, com o afastamento social ocasionado pela pandemia de covid-19, houve um aumento de pacientes com casos de dores orofaciais e fraturas dentárias comumente associadas às disfunções temporomandibulares (DTM). “Com essa percepção, uma discussão no programa de extensão ‘Educador: Conhecendo e Controlando a Dor’, a equipe integrada por estudantes e docentes do curso de Fisioterapia visualizou a possibilidade de investigar o impacto da pandemia por covid-19 nos aspectos psicológicos e bruxismo de uma amostra da população brasileira”, relatou à Diretoria de Comunicação.
A pesquisa, aplicada por meio de formulários via internet, alcançou 1476 respondentes de várias regiões do país. Desse total, 85,70% dos entrevistados declararam apertamento diurno da mandíbula, 57,11% relataram ranger de dentes e 71,41% apresentaram ambos os casos. Com esses dados, os pesquisadores constataram que 76,42% do universo pesquisado apresentou percepção negativa dos sintomas de bruxismo.
O estudo também identificou que em torno de 20% dos pesquisados apresentaram aspectos de fadiga, dor nos músculos do rosto ou desconforto nos dentes ao acordar. A população pesquisada apresentou percepções mais baixas em relação à qualidade de vida e à autocompaixão.
“A prevalência da DTM antes mesmo da pandemia já era alta. Estudos anteriores demonstraram que 40% da população urbana brasileira apresenta ao menos um sintoma desta patologia, sendo as mulheres entre 20 e 40 anos de idade as mais acometidas por esta condição. Com o aumento da frequência do bruxismo devido à alteração psicossocial gerada pela mudança no estilo de vida durante o período pandêmico da covid-19, associado à diminuição das atividades físicas e sociais, bem como mudanças no horário do sono, outras manifestações orais também podem aparecer ou se agravar, tendo um importante impacto na qualidade de vida da população”, explicou Marcelo Lourenço.
O trabalho da pesquisa envolveu os docentes Marcelo Lourenço e Josie Resende Silva, ambos do ICM; os discentes de graduação Laura Pereira Generoso e Guilherme Prevelato Oliveira, do 8º período de Fisioterapia; a doutoranda Laís Leite Ferreira, do Programa de Pós-Graduação em Biociências Aplicadas à Saúde – PPGB; e a dentista e mestranda Luci Mara França Correia, do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC-PR). A coleta de dados ocorreu entre os meses de maio e agosto de 2020.
Sobre a equipe, o pesquisador ressalta a importância da colaboração entre professores e estudantes de graduação e pós-graduação de diferentes formações, tendo em vista que a “dor é multidisciplinar”. De acordo com o docente, a interdisciplinaridade é o componente mais forte do programa “Educador” e amplia as possibilidades de compreensão dos fatores não físicos da dor, além do fortalecimento da iniciativa em relação à indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão universitária.
“Pela ação de extensão, a possibilidade de inserção precoce na prática clínica capacita o estudante na utilização de conceitos e teorias de outras disciplinas, melhorando seu desempenho semiológico e sua prática clínica. Ainda, a aproximação dos resultados clínicos positivos habilita o aluno-pesquisador a apresentar trabalhos científicos ou desenvolver parte do seu trabalho de conclusão de curso em todas as áreas contempladas pelo projeto”, ressaltou o Prof. Marcelo Lourenço.
Antes da publicação no Brazilian Journal of Pain, a pesquisa “Impacto da pandemia por COVID 19 em aspectos psicológicos e bruxismo na população brasileira: estudo observacional” foi apresentada em evento científico da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) e no 7° Simpósio Integrado da UNIFAL-MG. Acesse o estudo completo.
Sobre o Programa Educador
O programa “Educador: Conhecendo e Controlando a Dor”, coordenado pela professora Josie Resende Silva, do ICM, foi idealizado para aproximar os conhecimentos sobre dor com a prática clínica dos profissionais da saúde envolvidos diretamente com pacientes com dor aguda, crônica, oncológica e neuropática. O programa está associado ao grupo de pesquisa “Avaliação e intervenção em doenças musculoesqueléticas e neuromusculares”.
Liderado pelo Prof. Marcelo Lourenço, o grupo de pesquisa envolve discentes de graduação e pós-graduação e realiza pesquisas com incentivo de programas institucionais da UNIFAL-MG e de agências de fomento, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Durante a pandemia, as atividades do programa “Educador” foram mantidas. Em 2020, o programa foi dividido em quatro núcleos: Núcleo de Estudos, com atividades quinzenais de discussão com profissionais de diferentes formações acadêmica e áreas de atuação; Núcleo de Ensino, responsável pelas ações de ensino em dor para servidores, discentes e comunidade externa; Núcleo de Pesquisa, no qual a equipe elaborou pesquisas sobre a dor a partir de estudos e de casos clínicos.
Como a fisioterapia se insere no diagnóstico e tratamento do bruxismo?
Para o bruxismo, o tratamento fisioterapêutico utiliza técnicas como massagem, exercícios faciais, exercícios de relaxamento muscular, eletroterapia, radiação infravermelha, acupuntura e estimulação transcraniana não invasiva. Essas ações, associadas ou não ao uso de placa miorrelaxante, às técnicas de relaxamento e ao acompanhamento psicológico e médico, podem melhorar a dor e a qualidade de vida desses indivíduos.
A Clínica de Fisioterapia da UNIFAL-MG, instalada na Unidade Educacional Santa Clara, em Alfenas, realiza atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). A Clínica de Odontologia da UNIFAL-MG, do campus sede, também oferece orientação em casos de bruxismo e os atendimentos devem iniciar em breve. Para ter acesso aos serviços é necessário encaminhamento de um médico do SUS. Saiba mais em: Clínica de Fisioterapia e Clínica de Odontologia.
Sobre o curso de Fisioterapia da UNIFAL-MG:
O curso de Fisioterapia da UNIFAL-MG é nota máxima (5) no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), conforme resultado da aplicação de 2019. A nota, alcançada pelo curso no Conceito Enade Contínuo, posicionou-o ainda entre os três melhores cursos de Fisioterapia do Brasil. O curso funciona em turno integral e regime semestral. O ingresso é por meio do SiSU e, em caso de vagas remanescentes, por transferência, obtenção de novo título, entre outras modalidades. Saiba mais.