Mulheres são maioria nos cursos de graduação e pós-graduação da UNIFAL-MG; 60% do corpo discente é composto por universitárias, superando o percentual nacional

Os resultados do Censo da Educação Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC) no mês de fevereiro, apontaram que a maioria das matrículas no ensino superior são de mulheres. Essa também é uma realidade na UNIFAL-MG com 60% do corpo discente de graduação e de pós-graduação formado por mulheres. Os dados foram levantados pela Diretoria de Comunicação junto ao Departamento de Registros Gerais e Controle Acadêmico (DRGCA).

Censo da Educação Superior. Fonte INEP/MEC. (Arte: Bianca Maia/Dicom)

Com base no censo do Inep, as instituições de ensino superior brasileiras tinham 3.149.703 mulheres matriculadas em 2020, correspondendo a 57% do total de universitários no país.  No mesmo ano, as mulheres já eram 59% entre os estudantes na UNIFAL-MG.

O aumento no ingresso de mulheres no ensino superior, e assim como de sua conclusão em índices maiores do que os homens, também se deve às lutas feministas, que têm promovido debates e exigido ações públicas que questionam as desigualdades e o imaginário que insiste em reduzir à mulher ao privado, quando ela sempre esteve fora dessa fronteira”, explicou a professora Marta Gouveia de Oliveira Rovai, docente do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) e coordenadora do Núcleo de Atenção à Mulher (NAM).

O levantamento da Dicom apontou que alguns cursos de graduação como Biomedicina, Enfermagem, Letras e Pedagogia, a presença feminina ultrapassa 80%. Dos 38 cursos oferecidos pela UNIFAL-MG, apenas o Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, Ciência da Computação, Ciências Atuariais, Engenharia de Minas, Física e Geografia possuem mais homens matriculados. Desses, as maiores diferenças estão no curso de Ciências da Computação com 15% e de Física com 26%.

“É preciso destacar que, na universidade, talvez devido a este imaginário que associa papéis específicos a elas, ainda como cuidadoras, os cursos mais ocupados por elas sejam aqueles relacionados à profissão como professoras, enfermeiras, psicólogas, entre outros”, analisou Marta Rovai. Em complemento, a docente ressaltou: “No entanto, a presença feminina é considerável em cursos que antes eram entendidos como exclusivos de homens, como engenharia e ciência da computação, por exemplo, resultado de quebra de paradigmas de gênero”.

Na pós-graduação, a presença feminina no mestrado em Nutrição e Longevidade chega a 92% e na especialização em Teorias e Práticas em Educação, aos 95%. Dos 45 cursos, em 32 a maioria são de pós-graduandas. Entre os alunos não regulares, 61% são mulheres.

Presença feminina nos cursos de graduação e de pós-graduação da UNIFAL-MG. Fonte: DRGCA/UNIFAL-MG. (Arte: Bianca Maia/Dicom)

Para Marta Rovai, os dados do Censo da Educação Superior e da UNIFAL-MG, podem ser reflexo da busca por formação superior para inserção no mercado de trabalho pelas mulheres. “As formas de trabalho exercidas pelos homens, portanto, principalmente os técnicos e braçais, não exigem a formação superior. Ao contrário, as mulheres aumentam suas chances de emprego quando têm ensino superior”, enfatizou.

Marta Rovai, coordenadora do NAM, reforça que a presença feminina nas universidades, ainda não reflete no mercado de trabalho. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mesmo com o crescimento das mulheres no ensino superior esse fenômeno ainda não se reflete no mercado de trabalho. Em 2019, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado no mês de março de 2021, mostrou que o percentual das mulheres de 15 anos ou mais na força de trabalho era de 54,5% e dos homens chegava a 73,7%. Uma diferença de 19,2 pontos percentuais. Acesse o informativo do IBGE aqui

Segundo a professora Marta Rovai, as chances das mulheres são menores devido a desigualdade de gênero que põe em dúvida a capacidade da mulher em relação à do homem e, também, devido a responsabilização das mulheres pelas tarefas domésticas.  “Enquanto as mulheres ‘saíram’ para o mercado de trabalho e para a universidade, ainda são poucos os homens que ‘entraram’ na esfera do privado, assumindo responsabilidades que deveriam ser conjuntas”, concluiu a coordenadora no Núcleo de Atenção à Mulher, da UNIFAL-MG.

Sandro Cerveira comemora a presença feminina na UNIFAL-MG, mas alerta que ainda há um longo caminho rumo à igualdade entre homens e mulheres. (Foto: Ivanei Salgado/Dicom)

Na visão do reitor da UNIFAL-MG, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, esse crescimento da presença feminina no ensino superior é reflexo das transformações pelas quais passam nossa sociedade. Segundo ele, mesmo em meio a todas as contradições e mesmo retrocessos, o aumento também representa a ampliação do acesso à universidade pública. “Esse crescimento também é fruto do investimento que permitiu o aumento de vagas e das políticas de inclusão com a qual estamos comprometidos”, pontua.

O reitor alerta, porém, que não basta comemorar esses avanços. “É preciso reconhecer que há um longo caminho rumo à igualdade entre homens e mulheres”, afirma, concluindo: “Se queremos uma sociedade mais justa, mais livre e mais solidária precisamos seguir investindo em políticas públicas que permitam a superação das desigualdades de gênero que ainda persistem inclusive no meio acadêmico”, finalizou Sandro Cerveira.

Clique e confira a presença feminina nos cursos da UNIFAL-MG: Graduação Pós-graduação