Parceria com a Prefeitura de Alfenas possibilitará atuação da comunidade universitária em projeto de aplicação de software de IA no município para gerenciamento de riscos e vulnerabilidades decorrentes das mudanças climáticas

Nos próximos dois anos, estudantes e professores da UNIFAL-MG das áreas de Geografia, Computação, Física, Ciências Ambientais, Administração Pública e Planejamento Urbano estarão envolvidos na aplicação de uma plataforma tecnológica no município de Alfenas, para o gerenciamento de riscos e vulnerabilidades decorrentes das mudanças climáticas e impactos provenientes da expansão urbana.

O projeto faz parte do primeiro aditivo do termo de cooperação entre a Universidade e a Prefeitura Municipal de Alfenas, por meio da Secretaria do Clima, Sustentabilidade e Inovação Social (Secsis), assinado em outubro de 2021. A primeira ação em cooperação entre a UNIFAL-MG e a Secsis, foi o movimento “Reflorestar Alfenas: pensar global, agir local”, que visa arborizar e reflorestar a cidade de Alfenas. Com o aditivo, os parceiros passam a contar com a colaboração do Institute for International Urban Development – I2UD (Instituto para o Desenvolvimento Urbano Internacional) para a aplicação de um software de Inteligência Artificial no município. 

Chamada AI Climate, a plataforma tecnológica usa imagens geoespaciais e outros conjuntos de dados para gerar, por exemplo, um mapa de calor de risco atualizado sobre inundação. A ferramenta utiliza conhecimentos da comunidade local para planejar cenários participativos e, assim, desenvolver intervenções estratégicas e equitativas com comunidades urbanas e periurbanas socialmente vulneráveis.

“Tanto o desenvolvimento tecnológico quanto o desenvolvimento social é que podem trazer para nós efeitos concretos que se traduzem na qualidade de vida na cidade, ao evitar tragédias e dificuldades no funcionamento da própria cidade”, disse o reitor, Prof. Sandro Amadeu Cerveira. (Foto: Arquivo/Fabricio Casajeros)

Em reunião realizada na Câmara Municipal de Alfenas em 09/05, as instituições formalizaram a assinatura do termo aditivo. Na oportunidade, o reitor da UNIFAL-MG, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, ressaltou que contribuir com o projeto é cumprir a missão da Universidade de produzir ensino, projetos que integram a comunidade por meio da extensão e pesquisa de qualidade. “Não existe nenhum objeto, nenhuma tecnologia desenvolvida no Brasil, que você compra, usa ou que seja brasileira, que não tenha passado em algum momento pela universidade pública”, argumentou.

“Nós, como Universidade em parceria com um instituto internacional e com a Prefeitura de Alfenas, estamos dando um passo gigantesco na medida em que o projeto conecta o local com o internacional, o nosso mundo com o planeta, com o sistema como um todo”, destacou o dirigente da UNIFAL-MG. “Nesse sentido, tanto o desenvolvimento tecnológico quanto o desenvolvimento social é que podem trazer para nós efeitos concretos que se traduzem na vida das pessoas, na qualidade de vida na cidade, ao evitar tragédias e dificuldades no funcionamento da própria cidade e inclusive salvando vidas”, apontou.

Segundo o secretário municipal do Clima, Sustentabilidade e Inovação Social, o professor Fabrício Casarejos, a colaboração permitirá usar uma tecnologia de ponta, que se conecta e aprende com a inteligência coletiva local para olhar a cidade em sua totalidade.  (Foto: Arquivo/Fabricio Casajeros)

Durante a apresentação do projeto, o secretário municipal do Clima, Sustentabilidade e Inovação Social (Secsis), o professor Fabricio Casarejos Lopes Luiz, defendeu a importância da existência da Secretaria, inédita no Brasil, e da realização do projeto que posiciona Alfenas em lugar privilegiado mundialmente. “A colaboração com esse instituto de Boston traz uma multiculturalidade para pensarmos Alfenas aos olhos de uma cultura que não é somente a nossa. É muito importante trazer perspectivas diferentes para pensar a nossa perspectiva”, pontuou.

“Não há uma receita para sustentabilidade, não há um documento, um livro, uma lei, um marco regulatório que diga vá nesta direção que tudo vai dar certo. O que há é um esforço tremendo de diversos atores da sociedade para que a gente possa encontrar o caminho ao se caminhar”,  acrescentou. 

Segundo o secretário, a colaboração permitirá usar uma tecnologia de ponta, que se conecta e aprende com a inteligência coletiva local para olhar a cidade em sua totalidade. “É algo que seria humanamente impossível mesmo com grandes grupos de pesquisa, porque a quantidade de dados e a quantidade de processos em tempo real que a gente consegue manipular é muito grande”, afirmou.

Em fala gravada em vídeo exibido durante a reunião, o presidente do instituto internacional, Carlos Rufin, afirmou que o acordo facilitará o intercâmbio de conhecimentos, experiências e a capacidade de ação para a prefeitura com benefícios também para as outras entidades. “Para a UNIFAL-MG vai ser a oportunidade de trazer novas ideias, conhecimentos, desenvolver novos cursos de formação de recursos humanos que serão altamente necessários para o desenvolvimento das ações da prefeitura e mais amplamente da sociedade de Alfenas”, enfatizou.

Ações conjuntas de adaptação e mitigação para a mudança climática

Entre os resultados previstos com a aplicação do Al Climate está o desenvolvimento da capacidade institucional para o uso do software pela Secretaria do Clima, Sustentabilidade e Inovação Social, além de conhecimentos sobre uso de infraestruturas verdes e projeto-piloto de gerenciamento de riscos.

Para a UNIFAL-MG, prevê-se o desenvolvimento de conhecimentos, projetos de pesquisa e programas de ensino sobre obtenção remota de dados e aplicação da inteligência artificial para fenômenos urbanos e climáticos; sobre planejamento participativo, inclusive uso de metodologias de inteligência coletiva para a procura de dados e informações comunitárias, e de ensino sobre teoria e desenho de infraestrutura verde, e ações de adaptação e mitigação para a mudança climática.

O Institute for International Urban Development também é beneficiado com a aplicação da metodologia do projeto, uma vez que o uso da inteligência coletiva e desenho de intervenções para gerenciamento de risco promoverá novas funcionalidades para a procura de dados e informações comunitárias.