No ciclo temático “Territórios Literários Sul-Mineiros”, promovido pelo Festival Literário de Poços de Caldas, professores da UNIFAL-MG compartilham reflexões sobre escrever poesia

Os docentes do curso de Letras da UNIFAL-MG, Prof. Wellington Ferreira Lima, Prof. Marcos de Carvalho e Prof. Eloésio Paulo participaram do ciclo temático “Territórios Literários Sul-Mineiros”, durante o Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços).

Prof. Wellington Lima – mediador. (Foto: Captura de imagem)

Promovido virtualmente no dia 07/09, pelo canal do Flipoços no YouTube, a mesa “Uaicais” contou com a mediação do professor Wellington Lima, que trabalha especialmente com Literaturas Clássicas. Na oportunidade, o docente apresentou os professores e escritores Marcos de Carvalho e Eloésio Paulo, que além de trazerem na bagagem uma amizade de longa data, já desenvolveram projetos conjuntos, como o recente livro “UAICAIS com ensaios de nocaute”, lançado pela editora Sic Edições, no final de 2021. Saiba mais aqui.

Durante o bate-papo, os docentes conversaram sobre consumo de literatura no Brasil, em especial de livros de poesia. O mediador compartilhou que em 2014, os três docentes promoveram estudos em que analisavam, à época, aumento no consumo de literatura no Brasil frente aos livros didáticos, de autoajuda e técnicos. No entanto, nos últimos anos, o consumo de literatura recuou, sobretudo, no que diz respeito à poesia em comparação com a prosa. “Fazer poesia é vocação, excentricidade ou teimosia”, abriu o bate-papo. 

Prof. Marcos de Carvalho. (Foto: Captura de tela)

Na visão do professor Marcos de Carvalho, exatamente pelo fato de a poesia não ter apelo no mercado como outras artes, os poetas e aspirantes a poetas ficam mais à vontade para desenvolver a poesia como uma arte na sua plenitude. “O compromisso dos poetas pode ser exatamente com esse fazer artístico. A poesia hoje talvez seja o território em que haja mais liberdade para que a arte se desenvolva”, argumentou.

Para o professor Eloésio Paulo, a poesia é praticada por pessoas excêntricas, no sentido de atuarem fora do centro capitalista, desde meados do século XIX. “A poesia costuma atrair inicialmente muitos jovens, mas ela atrai por várias razões, pelos seus valores intrínsecos, mas também pela facilidade aparente”, disse. “Mas a partir do momento que você vai conseguindo entender quais são as engrenagens do poema, qual é a tecnologia embarcada que um poema precisa ter para que ele seja válido, muitas vezes as pessoas vão desistindo porque elas descobrem que não é fácil, muito pelo contrário, é muito difícil”, acrescentou. 

Prof. Eloésio Paulo. (Foto: Captura de tela)

Conforme o escritor, é muito fácil fazer poesia a princípio se o poeta ou aspirante a poeta não tiver compromisso com a qualidade, com o que ele chama de “tecnologia embarcada do poema”. O termo diz respeito à necessidade de conhecimento da tradição, de técnicas, de autores, e da capacidade de trabalhar com palavras. “Poeta é excêntrico porque a poesia é excêntrica e não cabe no pragmatismo da sociedade burguesa”, reforça. 

Além de comentar o que motiva os poetas continuarem escrevendo mesmo diante de um cenário em que se tem tão pouca atenção para esse gênero, os escritores também refletiram a relação que existe entre prática da docência, da crítica e da poesia. 

Durante o ciclo temático, Marcos de Carvalho e Eloésio Paulo ainda falaram como produziram o livro “UAICAIS com ensaios de nocaute”, que envolveu, inicialmente, troca de e-mails com haicais (uma forma poética de origem japonesa caracterizada por três versos) entre os escritores, que perceberam a possibilidade de reunir os muitos poemas escritos e compartilhados nas conversas eletrônicas. A partir disso, o nome “uaicais” foi escolhido para nomear a coleção, visto que os autores são dois sul-mineiros. O livro pode ser adquirido por este link

Confira a seguir o bate-papo na íntegra: