Estudo sobre efeito de coenzima Q10 sobre sintomas semelhantes à depressão é tema de primeira dissertação defendida no mestrado em Nutrição e Longevidade

No mês de outubro, o Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade (PPGNL) da UNIFAL-MG teve a sua primeira defesa de dissertação com a apresentação do trabalho intitulado “A coenzima Q10 atenua o comportamento tipo-depressivo induzido por encefalopatia séptica e regula danos oxidativos e inflamatórios”, de autoria da acadêmica Flávia Reis Ferreira de Souza, sob orientação do professor do Alexandre Giusti Paiva, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).

Flávia Reis Ferreira de Souza – primeira mestra em Nutrição e Longevidade da UNIFAL-MG e do país. (Foto: Arquivo Pessoal)

Flávia Souza se tornou a primeira mestra em Nutrição e Longevidade da UNIFAL-MG e do país. Ao comentar a conquista dessa nova etapa em sua formação, a discente destacou o sentimento de dever cumprido. “A sensação de ser a primeira mestra em Nutrição e Longevidade da UNIFAL-MG e do país é extremamente gratificante, mal consigo descrever em palavras”, disse. “É um misto de felicidade, admiração ao programa, gratidão a todos que me ajudaram e a sensação de dever cumprido”, completou.

Conforme a nova mestra, a pesquisa foi desenvolvida no período mais crítico da pandemia, no entanto, o desafio foi melhor enfrentado devido à infraestrutura do programa para a realização das atividades. “Nós iniciamos o mestrado no período pandêmico, o programa já estava muito bem preparado e estruturado para realização das atividades remotas. Isso foi muito benéfico, pois tivemos uma excelente e rápida assistência quando necessária”, conta.

A proposta da pesquisa foi avaliar o efeito do tratamento com um composto natural que possui ações antioxidantes e anti-inflamatórias, a coenzima Q10 sobre os sintomas semelhantes à depressão em animais sobreviventes a indução da encefalopatia associada à sepse. “Sabemos que é comum o desenvolvimento de depressão em pessoas sobreviventes à sepse, um caso grave e frequente em UTIs. Além disso, a depressão vem acometendo cada vez mais pessoas, em especial no período pós-pandemia, e é uma doença que impacta diretamente na longevidade das pessoas acometidas”, explica.

Segundo ela, os medicamentos utilizados no tratamento da depressão nem sempre são eficazes e podem demorar a fazer efeito.  “Os medicamentos costumam possuir efeitos colaterais e podem possuir um alto custo financeiro. Frente a isso, objetivamos avaliar o efeito do tratamento com a coenzima Q10”, detalha.

Quando iniciou a fase dos experimentos, Flávia Souza passou a frequentar o laboratório da Unidade Santa Clara em Alfenas. “Tive muita ajuda e apoio de outros pós-graduandos e professores. Foi uma experiência nova, cheia de desafios e ao mesmo tempo muito enriquecedora”, afirma, enfatizando o apoio do professor e orientador Alexandre Giusti Paiva e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a aprovação pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA).

Para averiguar o efeito da administração da coenzima Q10, o primeiro passo foi induzir a sepse em ratos de cirurgia. Na sequência, a pesquisadora realizou testes experimentais, a fim de avaliar diferenças no comportamento semelhante à depressão após o tratamento com a coenzima Q10 e, na etapa seguinte, realizou avaliações bioquímicas.

“Conseguimos analisar o efeito da administração da coenzima Q10 através do comportamento dos animais, e através da interferência da coenzima Q10 sobre as vias de sinalização inflamatórias e oxidativas”, salienta.

Captura de tela durante a defesa da dissertação em 18/10/2022. (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com a pesquisadora, foram encontrados resultados satisfatórios em relação à coenzima Q10, à depressão e os parâmetros inflamatórios e oxidativos associados à sepse. “Vimos que este composto pode ser uma boa estratégia terapêutica para comportamentos semelhantes à depressão nos animais, impactando significativamente sobre a longevidade dos mesmos”, argumenta.

O papel da nutrição na prevalência e incidência dos transtornos mentais, em especial a depressão, foi destacado pela acadêmica como essencial para a longevidade da população, o que para ela comprova a relevância do estudo. “É importante utilizarmos a alimentação a nosso favor, entender quais alimentos podem nos beneficiar, quais nutrientes são necessários e quais suplementos são eficazes em condições específicas”, reforça, dizendo que somente assim conseguiremos ter uma alimentação mais saudável, prevenir e tratar doenças físicas e mentais, e ter uma vida longeva.

Sobre o Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade

O Programa de Pós-graduação strictu sensu em Nutrição e Longevidade (PPGNL) – nível mestrado – da UNIFAL-MG iniciou as atividades em dezembro de 2020. O objetivo do programa é qualificar profissionais para atuarem na pesquisa científica e docência, responder às demandas científico-tecnológicas da sociedade, gerar conhecimento na área das Ciências da Nutrição que contribuam para o desenvolvimento local, regional e nacional, ético e sustentável. Os profissionais também são qualificados para atuarem na criação e gestão de políticas públicas voltadas ao envelhecimento saudável, e empreender e trabalhar em empresas de desenvolvimento de produtos e serviços de alimentação voltados ao prolongamento da vida humana com saúde.  Saiba mais aqui!