Projetos de extensão da UNIFAL-MG em interface com pesquisa são contemplados pela FAPEMIG; nove propostas receberão recursos para desenvolvimento junto à comunidade do entorno

A UNIFAL-MG teve nove projetos aprovados na Chamada 11/2022 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) de “Apoio a Projetos de Extensão em Interface com Pesquisa”. Os recursos que serão recebidos e gerenciados pelos coordenadores das propostas da Universidade somam R$ 925.091,08. As ações envolvem estudantes, professores e comunidade externa em estratégias para o desenvolvimento social.

Um dos projetos contemplados propõe a produção de biodiesel, de forma limpa e acessível, para que possa ser utilizado em substituição ao diesel. Idealizado pela professora Daniela Battaglia Hirata, do Instituto de Química (IQ), o projeto “Produção de biodiesel empregando rotas alternativas e óleo de fritura como matéria-prima” empregará o óleo residual de fritura como matéria-prima em rotas alternativas à catálise química básica.

“Essa abordagem também visa evitar que o processo gere resíduos tóxicos ou agressivos ao meio ambiente”, conta a coordenadora do projeto contemplado com R$ 179.950,00 para desenvolvimento, em parceria com a Escola Estadual Judith Vianna, em Alfenas. O recurso será utilizado para compra de um equipamento para análise do biodiesel produzido e para bolsas de desenvolvimento em Ciência, Tecnologia e Inovação.

Os benefícios do projeto de extensão em interface com a pesquisa, segundo a coordenadora, incluem a preparação direta de um grupo de 162 jovens para lidarem os desafios das alterações climáticas e produção de energia sustentável (biodiesel), além de incentivá-los a darem continuidade em sua formação pelo ingresso nos cursos de graduação da UNIFAL-MG.

Conforme Profa. Daniela Hirata, a ação possibilitará também a discussão de temas importantes como mudança global do clima e produção de energia limpa sustentável, os quais impactam o nosso planeta e ações possíveis de serem tomadas. “Outro ponto a se destacar na atual proposta é a forte interação entre a Universidade e os setores da sociedade envolvidos em relação ao destino dos óleos de frituras e os subprodutos gerados da produção do biodiesel pelo método tradicional”, ressalta.

No que se refere à interface com a pesquisa, a professora fala da expectativa de publicação de resultados e da consolidação do grupo de pesquisa “Otimização, Produção e Aplicação de Enzimas”, que conta com uma equipe multidisciplinar de professores, discentes de Iniciação Científica dos cursos de graduação em Biotecnologia, Química e Farmácia, além de acadêmicos de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e de Engenharia Química.

“Esta equipe vem proporcionando ao longo de seus trabalhos a capacitação adequada para que os alunos possam contribuir com o desenvolvimento da tecnologia enzimática, na produção de energia limpa e processos ambientalmente corretos, impactando na qualidade de vida desta região”, pontua. “Os alunos da UNIFAL envolvidos terão a oportunidade de aplicar os seus conhecimentos adquiridos e de desenvolver seus potenciais para o crescimento humano e profissional.”

Promoção de direitos humanos e políticas públicas de valorização das mulheres

O projeto “‘Escrevivências’ femininas: traçando linhas em educação, direitos humanos e políticas públicas em Varginha-MG” também foi um dos aprovados para desenvolvimento e receberá R$ 179.841,00 em recursos para bolsas de iniciação científica, custeio para participação em congressos científicos e para a realização de uma oficina de fotografias.

“Estes recursos ajudarão tanto no desenvolvimento e capacitação da equipe de pesquisa quanto para valorizar o olhar das mulheres participantes do projeto por meio da arte fotográfica. O intuito é que, a partir das fotografias, as mulheres possam ilustrar o e-book que pretendemos produzir a partir das cartas que elas escreverem, além de despertar nelas o interesse e desenvolver novos talentos para a fotografia”, conta a professora Fernanda Mitsue Soares Onuma, coordenadora da proposta aprovada.

Segundo ela, o projeto tem como objetivo compreender as estratégias de conciliação entre maternidade e o trabalho produtivo. Envolve também as estratégias de enfrentamento às violências de gênero adotadas por mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica, assistidas pelo Núcleo de Capacitação para a Paz (NUCAP) de Varginha-MG, com fins de elaboração de propostas de políticas públicas municipais a partir dos relatos destas mulheres.

“Para o desenvolvimento do projeto, que envolve docentes e estudantes do ICSA [Instituto de Ciências Sociais Aplicadas] e do ICHL [Instituto de Ciências Humanas e Letras] da UNIFAL-MG, utilizaremos de uma metodologia das Tertúlias Dialógicas adaptada ao contexto e inspirada no conceito de ‘escrevivências’ cunhada pela pesquisadora e escritora Conceição Evaristo”, explica. “Mulheres, sobretudo, mulheres negras, costumam ter suas vivências invisibilizadas socialmente. A partir desta metodologia, discutimos coletivamente uma obra cultural – um texto, letra de música, poesia -, como ponto de partida para o diálogo e para a produção de cartas, em que as mulheres escrevem e refletem sobre suas vivências”, detalha. 

Conforme a coordenadora, além de financiar as ações do projeto, o recurso ajudará a atrair e capacitar estudantes em atividades acadêmicas voltadas para extensão e pesquisa. Também a equipe do Grupo de Pesquisa de Gênero Pela Não Intolerância (GENI) será beneficiada. “É um incentivo e reconhecimento de ações de ensino, pesquisa e extensão em andamento, para que sigamos produzindo conhecimentos e trocando-os em eventos científicos aos quais levamos o nome da UNIFAL-MG para a comunidade científica”, afirma. 

A expectativa da professora Fernanda Onuma é que o projeto contribua para promover os direitos humanos, estimular talentos artísticos e produzir espaços de cultura para valorizar mulheres em situações de vulnerabilidade socioeconômica em Varginha-MG. “Esperamos que o projeto ajude a despertar nestas mulheres e na comunidade varginhense a ideia de que a promoção de direitos humanos perpassa não apenas garantias de dignidade e combate a formas de violações de direitos, mas também, a promoção integral das pessoas pela via também do acesso à arte e à cultura.”

Fortalecimento do compromisso da Instituição com a produção de conhecimento e troca de saberes 

O gerente de Programas e Projetos de Extensão da UNIFAL-MG, Prof. Adriano Pereira Santos, avalia o desempenho da UNIFAL-MG na chamada da FAPEMIG como positiva, tendo em vista que, das 25 propostas submetidas, 11 foram bem avaliadas, sendo nove aprovadas e duas inseridas na lista de prioridade 2 do edital.

“Avaliamos que o desempenho da UNIFAL-MG, por meio dos professores e professoras, que tiveram suas propostas aprovadas, foi excelente, o que representa não apenas um aporte de novos recursos ao desenvolvimento das ações de extensão com pesquisa na UNIFAL-MG, mas também o fortalecimento do compromisso ético-político da Instituição com a produção de conhecimento socialmente referenciado, baseado em demandas sociais e participação da comunidade externa”, afirmou.

De acordo com o gerente de Programas e Projetos de Extensão, a aprovação  das propostas indica a possibilidade concreta de realização das atividades de extensão de modo indissociável ao desenvolvimento da pesquisa e do ensino. “A aprovação consolida a perspectiva de uma Instituição com capacidade de produção de conhecimento interdisciplinar, ancorado na troca de saberes populares e científicos e na promoção de novas metodologias de ensino, pesquisa e extensão”, argumentou.

Para Prof. Adriano Santos, a aprovação significa também a ampliação dos horizontes formativos de estudantes para além da sala de aula, visto o contato direto com a comunidade externa, proporcionado pelos projetos. “Isso reforça a contribuição desses projetos à consolidação da curricularização da extensão e sua importância na formação de profissionais socialmente comprometidos com os temas e realidades de interesse social”, completou.

A chamada da FAPEMIG teve como objetivo estimular o diálogo entre a academia e a sociedade, além de favorecer a transferência do conhecimento gerado por pesquisas a grupos diversos, por meio de projetos de extensão em interface com a pesquisa científica e/ou tecnológica no Estado com potencial de contribuir para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas no estado mineiro. 

Foram três faixas de financiamento:

• Faixa A – Proposta para doutores formados em qualquer época;
• Faixa B – Grupos Extensionistas de Pesquisa;
• Faixa C – Redes (Redes Extensionistas de Pesquisa). 

Ds 367 propostas apresentadas pelas instituições de ensino superior de Minas, 104 foram aprovadas para contratação e receberão investimento total de R$ 14,9 milhões. Confira aqui o resultado completo, divulgado em 21/11.

Propostas da UNIFAL-MG aprovadas: