Tanto física quanto mentalmente, a pandemia de Covid-19 impactou a qualidade de vida de brasileiros e brasileiras. Para identificar as consequências desse período na saúde da população, o professor Lucas Emmanuel Teixeira, do Instituto de Ciências da Motricidade da UNIFAL-MG, se uniu a projeto de pesquisa internacional sobre reações psicológicas ao coronavírus. No Dia Mundial de Saúde Mental, celebrado no domingo, 10/10, a Universidade apresenta os resultados do estudo idealizado pelo Prof. José Aparecido da Silva, da USP de Ribeirão Preto.
Na análise dos voluntários brasileiros, feita por meio da divulgação de um formulário on-line nas redes sociais, televisão e e-mail, a pesquisa identificou grupos mais vulneráveis ao sofrimento psíquico, avaliados em aspectos como estresse, medo, ansiedade e distúrbios do sono. Participaram, entre maio e junho de 2020, estudantes, professores, profissionais da saúde, pessoas com comorbidades e desempregados, somando o total de 1471 mulheres e 368 homens. Em Portugal, participaram do estudo 769 mulheres e 165 homens.
“As consequências da pandemia foram significativas, sendo que os brasileiros estavam sob maior impacto, com as mulheres em maior risco, em ambos os países, do que os homens para níveis mais elevados de sofrimento peritraumático. Pudemos observar ainda que há uma maior diferença entre gênero no Brasil. Isso destaca a importância de considerar o gênero em todas as fases da resposta de saúde pública”, explicou o Prof. Lucas Emmanuel Teixeira.
De acordo com o docente, em outro estudo de pesquisadores da UNIFAL-MG ligados ao Instituto de Ciências da Motricidade, foram encontrados dados expressivos em relação ao sono, nível de atividade física, ganho de peso e impactos psicológicos causados pela pandemia, com a participação de 789 voluntários residentes no Brasil, avaliados entre junho e agosto de 2020. “Houve um aumento de indivíduos insuficientemente ativos e sedentários. Além disso, o ganho de peso foi percebido por 55,2% dos voluntários. Mais de 30% relataram estar dormindo pior durante a pandemia, e houve um elevado nível de distúrbios do sono”, detalhou o docente à Dicom.
Com os altos níveis de sofrimento psíquico, os pesquisadores também identificaram que o impacto na saúde mental foi maior nos voluntários que relataram ter interrompido os exercícios físicos, nos que ganharam peso e nos que relataram dormir pior durante a pandemia. “Os dados de ambos os estudos revelam que há populações mais vulneráveis, sendo necessária a identificação e a comunicação de risco, feita por meio de pesquisas, e a ação do poder público para minimizar as consequências através de medidas preventivas e de suporte social, econômico e de saúde”, finalizou o Prof. Lucas Teixeira. Participam do projeto as professoras Simone Botelho Pereira e Aline Roberta Danaga, do ICM, e os docentes José Aparecido da Silva e Renato Leonardo de Freitas, da USP.
Até o momento, sobre a pesquisa internacional dos impactos da pandemia na saúde mental, foram publicados 4 artigos científicos em periódicos internacionais e um livro escrito em parceria entre pesquisadores brasileiros e portugueses, do qual o professor Lucas Teixeira é autor de dois dos capítulos. Já o estudo sobre o sono conta com dois artigos prontos para submissão.
Assistência Psicológica
A UNIFAL-MG, por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (Prace), de projetos de extensão universitária e das ligas acadêmicas, promove diversas ações de apoio e acolhimento de membros da comunidade universitária. Somente em 2021, a Prace, com o apoio do Ciast e da Faculdade de Medicina, realizou atendimento e acolhimento psicológico individualizado de 212 estudantes; oficina sobre motivação e saúde mental; oficina sobre ansiedade no contexto universitário; o II Ciclo Intercampi de Debates em Promoção de Saúde Mental; acolhimento coletivo nos três campi da UNIFAL-MG por meio dos projetos “Inspire-se” e “Prosa em Roda”; busca ativa por possíveis estudantes com demandas de acolhimento psicológico ou pedagógico; busca ativa por possíveis servidores com demandas de acolhimento psicológico no campus Varginha; e dispensação de medicamentos fitoterápicos, em parceria com a Farmácia Universitária (FarUni), para estudantes com sintomas leves.
Para solicitar atendimento psicológico prestado pela Prace, acesse: Apoio e Acompanhamento.