UNIFAL-MG aprova Política Institucional de Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica

Mais um importante passo para a história da UNIFAL-MG foi dado neste mês de setembro com a aprovação da Política Institucional de Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica.

A política é uma exigência do Conselho Nacional de Educação (CNE) que estabeleceu as novas Diretrizes Nacionais Curriculares para as Licenciaturas, por meio da Resolução n° 02/2015. Na UNIFAL-MG, o debate se iniciou ainda em 2015 com o Núcleo das Licenciaturas que elaborou o texto-base e disponibilizou para aprovação das instâncias superiores. “A Pró-Reitoria de Graduação tomou a iniciativa de ampliar o debate envolvendo professores, estudantes, técnico-administrativos e a comunidade da Rede Básica de Educação do município de Alfenas, onde são oferecidos os nove cursos de licenciaturas que temos hoje”, explica o pró-reitor de Graduação, Prof. Francisco Xarão.

Para desenvolver e implantar as novas estratégias, a proposta foi encaminhada para o Colegiado da Pró-Reitoria de Graduação que, em parceria com os Núcleos Docentes Estruturantes e os Colegiados dos cursos de Licenciatura, promoveu a 1ª Conferência das Licenciaturas (CONLIC), com caráter deliberativo.

O processo envolveu, desde o primeiro semestre, pré-conferências dos cursos de Licenciatura, Seminários Temáticos que discutiram estágio e prática, autonomia docente, participação e educação popular, e Grupos de Trabalho que apresentaram sugestões ao texto-base, traçando um diagnóstico da realidade das licenciaturas da UNIFAL-MG para votação na Plenária Final, realizada no dia 11 de setembro, para a qual foram credenciados 120 delegados, representados por docentes, discentes e comunidade externa das nove licenciaturas.

Segundo Prof. Xarão, a ideia de realizar a Conferência partiu da necessidade de sensibilizar a comunidade acadêmica para a importância de implantar as novas diretrizes não somente com o intuito de cumprir a legislação, mas também abrir espaço para reflexão sobre o que a Universidade está fazendo para formar melhor os professores e o que precisa para avançar. “A política institucional garante a qualidade da oferta ao estabelecer parâmetros mínimos de formação inicial e metas a serem atingidas até a próxima revisão da política que ficou agendada nesta primeira conferência para o ano de 2023 ou extraordinariamente se houver alguma mudança na legislação em nível nacional”, afirma o pró-reitor de Graduação.

Milena Favalli Simão, aluna do curso de Letras da Universidade, foi uma das participantes da 1ª Conferência das Licenciaturas e avaliou a formulação coletiva da política como algo importante para a Universidade e para as licenciaturas. “Acredito que a reunião proporcionou um maior diálogo entre os cursos de licenciatura, que tiveram a oportunidade de reunir seus representantes para votar a favor das emendas ou contra estas. Isso, sem dúvida, foi uma forma de se pensar, em conjunto, os melhores caminhos para a formação inicial e continuada de professores”, disse. Comentando sobre as diretrizes da política, Milena acrescentou: “Acho interessante destacar  a valorização que se dá à formação de bons profissionais da educação, os quais, desde o início do curso, terão a oportunidade de se envolver ativamente com práticas educativas, pedagógicas e extensionistas.”

Desafios

Relatando como foi desenhada e discutida a proposta da política no âmbito do Núcleo das Licenciaturas, o professor Guilherme Henrique Gomes da Silva, do curso de Matemática, relatou que o processo desencadeou discussões, conflitos de ideias e pensamentos convergentes e divergentes relacionados à formação inicial de professores para chegar a uma primeira versão que ainda seria alinhada com os demais núcleos.

 “Começamos a partir de uma questão muito simples: que professoras e professores queremos formar nos próximos anos?”, conta. “Ao término, o Núcleo das Licenciaturas produziu um texto e, naquele momento, entendeu como sendo uma primeira versão, que precisaria ser discutida pelos Núcleos Docentes Estruturas dos cursos, para ser refinado e alinhado com a missão e visão da UNIFAL-MG”, acrescentou.

Prof. Guilherme avalia positivamente a oportunidade proporcionada pela Conferência à comunidade acadêmica e externa, de propor mudanças, emendas e alterações no texto-base da proposta da política, mas chama a atenção para o desafio da implementação. “Esse desafio é muito grande e depende de amplo apoio institucional e também grande envolvimento dos próprios docentes formadores de professores”, argumentou, lembrando que todos os docentes que atuam nos cursos de Licenciatura são formadores de professores, incluindo docentes das chamadas “áreas duras”. “Talvez isso seja um dos principais desafios não apenas da UNIFAL-MG, mas de todas as instituições formadoras de professores”, pondera.

De acordo com Prof. Guilherme, é importante destacar também o papel do Núcleo das Licenciaturas não apenas na formação da política. “Esse núcleo, formado por um representante de cada Núcleo Docente Estruturante dos cursos de Licenciatura, tem sido um dos poucos espaços onde as vozes e as ideias das diferentes áreas de formação de professores se encontram. É um núcleo extremamente importante para a formação de professores da UNIFAL-MG e precisa, cada vez mais, ser fortalecido e valorizado pela Universidade”, enfatizou.

Um dos principais pontos da política de formação de professores apontados pelo Prof. Guilherme é o de mostrar um compromisso da Universidade com os cursos de licenciatura. “Hoje, os cursos de licenciatura representam cerca de 1/3 de todos os cursos da UNIFAL-MG. Além disso, a política reforça a necessidade de relacionar as práticas de pesquisa no âmbito educacional com a formação do professores e valoriza o trabalho do professor-formador, em termos de carga horária docente, com elementos como o estágio supervisionado e a prática como componente curricular”, exemplificou. Outro aspecto da política lembrado pelo docente foi o apontamento da necessidade de uma preocupação com a permanência e progresso acadêmico dos futuros professores nos nossos cursos. “Esse elemento é indispensável, uma vez que muitos de nossos estudantes de licenciatura e, isso, não apenas na UNIFAL-MG, geralmente são os primeiros de suas famílias a ingressarem na universidade e, assim, muitas vezes não encontram suporte com a família relacionado à questões como reprovação nas disciplinas, busca por auxílios financeiros na universidade, bolsas de pesquisa e extensão, oportunidades de estágio remunerado, entre outras. Uma preocupação nesse sentido da Universidade pode favorecer esse olhar mais próximo junto aos estudantes e o desenvolvimento de uma cultura acadêmica, favorecendo sua permanência e graduação”, destacou.

Uma política articulada com o desenvolvimento institucional e com a realidade social

Avaliando como algo favorável para a Universidade contar com a própria política de formação de professores, o coordenador do curso de Licenciatura em Ciências Sociais, professor Adriano Pereira Santos, disse que a política representa a possibilidade de se pensar a UNIFAL-MG como instituição educadora capaz de cumprir, com excelência e responsabilidade, seus principais objetivos com a qualificação profissional e com a formação humana em seu sentido mais amplo. “Essa política faz parte de um conjunto de ações que envolve o planejamento futuro da Universidade, pois ela exige que a formação de professores esteja presente e articulada no plano de desenvolvimento institucional da UNIFAL-MG, ou seja, que a Instituição possa – diante dos desafios atuais – pensar sua inserção social, educacional, política e cultural, planejando suas ações no presente e no futuro no que se refere à formação de professores.”

O coordenador de curso também considerou a relevância do esforço conjunto, entre Núcleo das Licenciaturas e Pró-Reitoria de Graduação, durante as etapas do processo de formulação da política para diagnosticar as dificuldades, a realidade social e o perfil dos estudantes. “Tal diagnóstico permitiu analisar melhor as situações que precisam ser enfrentadas pela Instituição e suas políticas de formação, tendo em vista os perfis e possíveis trajetórias de nossos estudantes. Quando se conhece melhor a realidade na qual se atua, melhor será a ação, planejamento e avaliação. E isso, penso eu, a política trouxe como elemento central para o seu desenvolvimento e implementação. Afinal, ela analisa não só os cenários educacionais das realidades locais e regionais, como identifica também algumas das problemáticas nas quais a formação de professores da Educação Básica deve incidir”, acrescentou.

Prof. Adriano pontuou ainda que a política de formação docente não só possui o compromisso com a sociedade e suas instituições no que se refere à profissionalização e à qualificação docente, mas também assume a responsabilidade pela excelência da formação inicial e continuada das professoras e professores da Educação Básica de Alfenas e região. “Um dos resultados do diagnóstico realizado e que justifica a implementação de uma política institucional de professores da Educação Básica é que ela não só construa uma base teórica sólida, mas deve estar calcada na prática, de modo que o licenciando tenha contato com a realidade escolar desde os primeiros semestre de sua formação, conforme as novas diretrizes para a formação de professores”, observou.

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