Teoria Linguística – Saussure e as dicotomias linguísticas

 

Saussure e as dicotomias linguísticas

Ferdinand de Saussure (1857-1913) foi um filólogo e linguista suíço e é considerado o responsável por transformar a linguística em uma ciência, ao definir a língua como objeto de estudo. Ele contribuiu grandemente com a linguística, semiótica e semiologia contemporâneas, e, ainda, com a teoria dos signos. Além disso, realizou importantes estudos histórico-comparatistas, focados principalmente nas línguas indo-europeias; sua principal obra foi Curso de Linguística Geral, composta pelas anotações feitas por seus alunos e publicada após sua morte.

Assim, a linguística – ciência que estuda a linguagem – surge no início do século XIX, com as pesquisas de Saussure acerca de quatro pares de conceitos, os quais são denominados dicotomias, elencados a seguir: sincronia vs. diacronia; língua vs. fala; significante vs. significado; e sintagma vs. paradigma. Com isso, o teórico visava compreender melhor a língua, pois ele considerava que esta possuía caráter social e era dominada por todos os falantes de uma mesma língua. Ainda, é necessário salientar que cada par de conceitos é interdependente, ou seja, que possui relação entre si e não pode ser analisado isoladamente.

Nesse sentido, o estudioso afirmava que a diacronia refere-se às mudanças linguísticas que ocorrem ao longo do tempo; e a sincronia, às relações linguísticas que ocorrem simultaneamente. Já a língua e a fala são opostas, pois a primeira é coletiva – ou seja, um dado social – e sistemática, enquanto a segunda é individual e assistemática. No caso da língua, ela é “definida como um sistema de elementos” linguísticos, sendo alguns destes elementos as “palavras, ordem de colocação das palavras na frase, vogais e consoantes”, os quais são organizados de modo que “um elemento se define pelo outro”, consoante a Pietroforte (2008, p. 81-82).

Há, também, o signo linguístico, o qual é composto pelo significado e pelo significante. Desse modo, conforme Pietroforte (2008) aponta, para Saussure, o significado trata-se de um conceito, que é uma ideia ou pensamento utilizada para interpretar o mundo, enquanto o significante se refere à imagem acústica, sendo uma sequência ordenada de sons, no caso, vogais, semivogais e consoantes. Enfim, é importante destacar que o signo não é representado somente pelas palavras, pois, embora estas sejam consideradas signos, elas também são formadas por signos menores (chamados de morfemas). Com isso, os morfemas – por exemplo o radical, a vogal temática e a desinência de gênero, número, modo e de tempo – também serão classificados como signos, os quais, quando combinados entre si, formarão uma palavra. Por isso, não se deve definir os signos apenas como palavras.

Existem, ainda, as relações entre os signos, as quais podem ser sintagmáticas e paradigmáticas, sendo a primeira a combinação entre, no mínimo, dois elementos (signos), que estão na presença um do outro. Nesse caso, consoante a Pietroforte (2008, p. 89), “não se combinam quaisquer elementos aleatoriamente. A combinação no sintagma obedece a um padrão definido pelo sistema”. Em contrapartida, as relações paradigmáticas tratam-se  deda seleção signos combinados, sendo que o elemento escolhido exclui os elementos restantes. Por fim, as dicotomias saussureanas foram fundamentais para a linguística e ainda repercutem nos estudos da atualidade, sendo amplamente recomendada a leitura das obras Curso de Linguística Geral e Escritos de Linguística Geral, de Saussure, a fim de aprofundar os conhecimentos sobre o assunto.

Referências

ELIAS, A. Nascimento de Ferdinand de Saussure. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas  – USP. São Paulo, 26 nov. 2022. Disponível em: https://www.fflch.usp.br/41519. Acesso em: 23 set. 2023.

PIETROFORTE, A.V. A língua como objeto da Linguística. In: FIORIN, J. L. (org.). Introdução à linguística: objetos teóricos. São Paulo: Contexto, p. 75-94, 2008.

SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 8. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

SAUSSURE, F. Escritos de Linguística Geral. Organizados e editados por Simon Bouquet e Rudolf Engler. São Paulo: Editora Cultrix, 2004.