Literatura Portuguesa – O crime do padre Amaro

 

O CRIME DO PADRE AMARO

 

O AUTOR

José Maria de Eça Queirós (1845-1890) foi um grande autor português do século XIX, começou a escrever sob influência do Romantismo, mas ficou marcado como o precursor do movimento Realista em Portugal e expoente também do Naturalismo. Tendo em vista os esforços do autor para acompanhar as mudanças estéticas e ideológicas de sua época, não podemos limitar sua escrita em apenas um movimento literário, como afirma Ferreira (2009, p.111).

Dentro da época em que o autor viveu, foi mestre em tecer grandes críticas através de romances como uma linguagem ferina e sarcástica, com o claro intuito de criticar a sociedade portuguesa permeada por diversas hipocrisias em torno de temáticas políticas, religiosas, econômicas e sociais. Entre as variadas obras do autor, podemos citar: “O Mistério da Estrada de Sintra” (1870), “O Crime do Padre Amaro” (1875), “O Primo Basílio” (1878), “Os Maias” (1888), “A Cidades e as Serras” (1901), entre outras.

A OBRA

“O Crime do Padre Amaro”, escrito por Eça de Queirós e publicado em 1875, é uma obra considerada como um romance de tese, que inaugura a fase Realista-Naturalista em Portugal e retrata a sociedade portuguesa do século XIX sob grande influência da igreja católica. Faz duras críticas à instituição, mais especificamente ao clero e à classe burguesa da época.

Para isso, Queirós traz como personagem um jovem padre chamado Amaro, que se muda no começo de sua vida eclesiástica para uma pequena cidade portuguesa e conhece a jovem Amélia. A trama se desenvolve diante da impossibilidade de concretização do amor dos dois, tendo em vista as regras da igreja católica, mas que ao longo da narrativa se perdem diante de uma sucessão de escândalos ao redor dos frades da cidade e da população em si.

Infere-se, portanto, as intenções do autor em trabalhar diante do que consideramos como Anticlericalismo, como uma prática crítica e reformista em relação ao poder exercido por instituições religiosas (Ribeiro, 1994, p.192). Atuando de forma maestral ao expor problemas da época, como a hipocrisia da igreja católica e da sociedade burguesa em si, que ainda se fazem atuais, com excelência.

Referências

FERREIRA, Juliana Casarotti. Eça de Queirós: um gênio da literatura mundial. Revista Multidisciplinar da UNIESP, Presidente Prudente, n. 7, p. 110-122, 2009.

RIBEIRO, Maria Manuela Tavares. A Regeneração e o seu significado. In: MATTOSO, José. Histórias de Portugal. Lisboa: Editorial Estampa, 1994. v. 4 e 5.